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'Agricultura familiar não tem apoio do governo', afirma presidente da Contag

Representante da Confederação Nacional de Trabalhadores na Agricultura, Aristides Santos explica os impactos provocados pela falta de investimento no setor em meio à entrevista em entrevista ao Correio nesta sexta-feira (6/8)

Em média, 70% dos alimentos que chegam à mesa da população brasileira são produzidos pela agricultura familiar brasileira. Porém, “há um desmonte das políticas públicas, principalmente no campo, o que aumenta ainda mais as dificuldades do setor”, afirmou Aristides Santos, presidente da Confederação Nacional de Trabalhadores na Agricultura (Contag). Ele foi o entrevistado desta sexta-feira (6/8) do CB.Agro — programa do Correio Braziliense em parceria com a TV Brasília.

Segundo ele, não é de hoje que o Brasil tem tratado com descaso a agricultura familiar, mas ao longo de toda a sua história. Aristides aponta que o orçamento da União diminuiu para áreas indígenas, quilombolas e assistência técnica. “Já chegamos a ter R$ 600 milhões no orçamento para assistência técnica. Sabe em quanto está hoje? Em R$ 31 milhões”, apontou.

A importância dessa área, diz o especialista, é que o crédito a um agricultor familiar é como o investimento ao microempresário. “Se o profissional fizer um projeto bem orientado tecnicamente, pensando em todas as condições, a chance de dar certo é muito maior", continuou.

“Então a agricultura familiar — que produz 70% dos alimentos destinados à mesa dos brasileiros — não teve, e não está tendo o apoio do governo federal”, criticou.

Pandemia

Em relação à agricultura familiar na pandemia, o presidente da Contag pontuou ser preciso mais apoio do governo nesse período. “O setor teve redução natural na produção de itens, em função do distanciamento social. Quando o Estado não colabora com agricultores, aumenta ainda mais as dificuldades deles. Caso o governo tivesse facilitado a comercialização de itens ou prorrogado parcelamento de dívidas, o segmento teria mais apoio no trabalho. Mas isso não aconteceu”, argumentou Aristides Santos.

O representante apontou que, segundo dados de pesquisas nacionais, “metade das famílias de agricultores perdeu renda na pandemia”. Questionado sobre como o setor driblou as adversidades, ele destacou que “a agricultura familiar é resistência. Se reinventa, busca formas de sobreviver e enfrentar a situação. As dificuldades não partem apenas da falta de apoio governamental, mas da própria natureza também”.

Orgânicos

A pandemia também trouxe novos comportamentos em relação à saúde e ao meio ambiente. Um deles foi a procura por alimentos orgânicos nos últimos meses.

“Nós do movimento sindical trabalhamos muito na conscientização dos agricultores, incentivando o trabalho dentro da linha da agroecologia, saindo dos modelos que fazem o uso de venenos ou adubos químicos”, explicou Aristides.

Segundo o especialista, se a agricultura familiar atender à procura por alimentos saudáveis, será um diferencial para o setor. “Então se essa consciência crescer, em prol dos orgânicos, será muito importante para todos nós” concluiu.

Confira a entrevista na íntegra:

Ouça em versão podcast: 

*Estagiário sob a supervisão de Andreia Castro

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