O Índice Geral de Preços – Mercado ( IGP-M) recuou 0,12% em agosto, na comparação com o mês anterior. Segundo dados divulgados ontem pela Fundação Getulio Vargas (FGV), o índice apontou uma variação mensal de 0,66% este mês, contra 0,78% no período passado.
Apesar da queda, o IGP-M acumula percentual de 16,75% no ano e de 31,12% em 12 meses. O valor é mais do que o dobro do registrado no mesmo período do ano passado, quando o acumulado era de 13,02%. O IGP-M é a soma de três outros índices: Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA), Índice de Preços ao Consumidor (IPC) e Índice Nacional de Custo da Construção (INCC). Todos apresentaram desaceleração em agosto.
André Braz, coordenador dos índices de preços da FGV, explica o fenômeno. “Apenas reduziu um pouco de intensidade, pois não foi uma ação majoritária, foi uma ação de itens que têm peso”, afirma. Segundo o coordenador, cada índice que compõe o IGP-M teve um motivo pontual para o recuo em agosto.
“Quase 14% do peso do IPA é em razão do minério de ferro, que caiu em média 15%, em agosto. No INCC, a ajuda veio do item mão de obra, pois não houve nenhum acordo coletivo, ao contrário do que tivemos em julho. E no IPC, houve a desaceleração na comparação com julho, por conta do reajuste da bandeira que pesou 5,5% no mês passado e em agosto, 3,5%”, explica o pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia (IBRE/FGV).
Embora o novo aumento na energia elétrica, previsto para setembro, deva puxar a variação do IGP-M para cima novamente, André Braz afirma que a tendência é que a desaceleração se mantenha. “Vai continuar desacelerando. É a terceira desaceleração em 12 meses. Não é que a inflação esteja amiga, mas é que não estamos vivendo aquela desvalorização cambial tão forte como no ano passado”, explica o especialista.
Para Cristiane Quartaroli, do Banco Ourinvest, embora o IGP-M tenha recuado em agosto por questões pontuais, o índice anda lado a lado com a inflação, que tende a aumentar com o avanço da campanha de vacinação e a retomada total das atividades econômicas no país. “Com a população voltando a circular na rua e a economia se recuperando, aumenta-se o consumo, e acaba gerando mais inflação. Além disso, a crise hídrica e o alto preços dos combustíveis também estão impactando os índices”, afirma Quartaroli.
Segundo André Braz, se não fosse pela crise hídrica, a desaceleração registrada em agosto teria sido ainda mais forte. “Muitos itens afetados pelas geadas e pela crise hídrica aumentaram de preço como café, milho e cana. Essas culturas afetadas pela crise hídrica seguem em aceleração, mas o peso do minério é tão grande que abafou esse comprovante e permitiu que o índice desacelerasse”, explicou.
Mercado imobiliário
Conhecido como o índice dos contratos, o IGP-M é um dos índices mais utilizados para reajuste de tarifas públicas (energia e telefonia), em contratos de aluguéis e em contratos de prestação de serviços, embora não exista nenhuma orientação da FGV sobre essa utilização, explica André Braz. “Isso é completamente contra o que a gente prega. Esse índice foi desenvolvido para outra finalidade, para ser deflator do Produto Interno Bruto (PIB) e não para ser utilizado pelo mercado imobiliário”, alerta.
“O imóvel é um ativo financeiro, e uma parte dessa rentabilidade é o valor do aluguel, que é quanto o dono recupera do investimento que ele fez. IPCA ou IGP-M, nenhum fala a língua do mercado imobiliário”, ressalta. “Para o inquilino, o reajuste pelo IPCA é uma maravilha, é o mais próximo indexado ao salário. Mas para o proprietário não é, porque não reflete a valorização do imovel”, aponta.