PMS

IBGE: setor de serviços cresce 1,1% em julho no Brasil

De acordo com a pesquisa, setor está 3,9% acima do nível pré-pandemia, em fevereiro de 2020, e também alcança o patamar mais elevado desde março de 2016

Fernanda Strickland
postado em 14/09/2021 11:19 / atualizado em 24/09/2021 10:47
 (crédito: Minervino Júnior/CB/D.A Press)
(crédito: Minervino Júnior/CB/D.A Press)

A Pesquisa Mensal de Serviços (PMS), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgou, nesta terça-feira (14/9), que o volume de serviços cresceu 1,1% na passagem de junho para julho. Essa é a quarta taxa positiva seguida, acumulando no período ganho de 5,8%. Com isso, o setor está 3,9% acima do nível pré-pandemia, em fevereiro de 2020, e também alcança o patamar mais elevado desde março de 2016. Mesmo com o avanço, o setor ainda está 7,7% abaixo do recorde histórico, alcançado em novembro de 2014.

Os dados da PMS mostram que, na comparação com julho de 2020, o volume de serviços avançou 17,8%, quinta taxa positiva consecutiva. “No acumulado do ano, o setor cresceu 10,7% frente a igual período do ano anterior. Em 12 meses, ao passar de 0,4% em junho para 2,9% em julho, manteve a trajetória ascendente iniciada em fevereiro deste ano (-8,6%)”, diz a pesquisa.

Segundo a pesquisa, o resultado do setor em julho foi puxado por apenas duas das cinco atividades, em especial, pelos serviços prestados às famílias (3,8%), que acumulam ganho de 38,4% entre abril e julho. “Já os serviços profissionais, administrativos e complementares avançaram 0,6%, com crescimento de 4,3% nos últimos três meses, e superaram, pela primeira vez, o patamar pré-pandemia, ficando 0,5% acima de fevereiro de 2020”, explica.

Os indicadores mostram que, nos serviços prestados às famílias, o destaque é para o desempenho dos segmentos de hotéis, restaurantes, serviços de buffet e parques temáticos, que costumam crescer em julho devido às férias escolares. Já nos serviços profissionais, administrativos e complementares, destacam-se as atividades jurídicas, serviços de engenharia e soluções de pagamentos eletrônicos.

De acordo com Paulo Lira, economista, internacionalista e head de conteúdo da Galícia Educação, o setor de serviço, pelo seu tamanho e capilaridade nos mais diversos setores da economia, apresentou uma redução drástica como efeito da pandemia de coronavírus. “O mês de junho de 2021 interrompe uma sequência de quedas nos últimos 12 meses. Isso é um resultado importante, mas há que se notar que os subgrupos que mais corroboraram para o crescimento da cifra foram àqueles que de algum forma não foram tão impactados pela pandemia ou que até tiveram crescimento com ela, como é o caso de Tecnologia da Informação, que foi o subsetor com crescimento mais expressivo (27,8% de crescimento do período pré-pandemia).


O economista comenta que para se ter uma ideia, o segundo setor a superar o patamar pré-pandemia foi o de Armazenagem, transporte e correios, que avançou 15,4% em relação aos patamares pré-pandemia.


Lira afirma que desde 1970, a economia global vem passando por rápida mudança. “A chamada Terceira Revolução Industrial deu muito fôlego aos serviços, sobretudo ao setor financeiro, que teve possibilidade de inovar em inúmeras frentes. O mesmo foi possível para as telecomunicações e serviços correlatos e à logística. Esse processo estreitou a distância geográfica e pulverizou a produção no mundo, reduzindo assim as margens de produtores e concentrando a renda na mão dos intermediários. Vimos então um crescimento exponencial do setor de serviços, não só no Brasil, mas também no mundo”, afirmou.


Para o economista, a Quarta Revolução Industrial, com a possibilidade de transações de ativos via internet, veio a consolidar esse caminho da economia mundial. “Como o Brasil não possui um projeto de crescimento baseado em indústria, o que se viu no Brasil desde meados da década de 1980 até hoje é o declínio relativo da indústria no PIB e o crescimento do Setor De Serviços. Além disso, tendo a complexidade produtiva também declinado, o setor de serviços ocupou cada vez mais espaço”, declarou.


Paulo explica que, o impacto econômico que esse setor terá será por conta da sua participação crescente e seus mais de 65% de participação no PIB atualmente, o recuo nessa cifra significa um efeito grande no PIB brasileiro. “E esse efeito se dá por conta da redução do nível de empresa no setor e, consequentemente, a queda no dispêndio das famílias”.


O economista ressalta que é importante notar a necessidade de qualificação do setor de serviços, daí a importância da educação e da formação cada vez mais alinhadas à construção de valor. “É preciso explorar o setor de serviços no topo dessa pirâmide, para que isso também reflita em renda para a população e, consequentemente, em crescimento econômico e prosperidade para o país. Isso é possível a partir do incentivo aos principais subgrupos desse setor que caminha a passos largos para representar 70% da economia brasileira em alguns anos”, ressaltou.

Variação negativa

Com impactos negativos no índice geral, serviços de informação e comunicação (-0,4%), transportes, serviços auxiliares aos transportes e correio (-0,2%) e os outros serviços (-0,5%) tiveram variações abaixo de um ponto percentual.

“A atividade que mais pressionou negativamente foram os serviços de informação e comunicação. Os segmentos de telecomunicações e serviços de tecnologia da informação apresentaram taxas positivas, mas houve uma pressão muito significativa da parte de audiovisual, edição e agências de notícias, que recuaram 11,6% na passagem de junho para julho”, acrescenta o analista da PMS, Rodrigo Lobo.

Segundo os dados, em julho, 15 das 27 unidades da Federação tiveram crescimento no volume de serviços, na comparação com o mês anterior. “Entre os locais com taxas positivas, o impacto mais importante veio de São Paulo (1,4%), seguido por Rio Grande do Sul (3,4%), Minas Gerais (1,2%), Pernambuco (4,1%) e Paraná (1,5%). Já o estado do Rio de janeiro (-4,4%) registrou a principal retração no período”, esclarece a PMS.

Home office 

Os dados mostram que, embora as atividades presenciais tenham crescido em julho, são as atividades não presenciais que vêm sustentando a recuperação do setor de serviços desde a fase mais aguda da pandemia, entre março e maio do ano passado. “De junho do ano passado a julho deste ano, o setor soma 13 taxas positivas, com exceção da taxa de março passado, que teve variação negativa devido ao fechamento de atividades consideradas não essenciais por conta da segunda onda do novo coronavírus”, diz Rodrigo Lobo.

“Com o avanço da vacinação e a maior flexibilização das atividades econômicas, os serviços de caráter presencial seguem avançando, mas ainda num ritmo inferior ao de fevereiro de 2020. O que sustenta o setor de serviços no patamar um pouco abaixo de março de 2016 são os serviços de caráter não presencial, como serviços de tecnologia da informação, serviços financeiros, e armazenagem, serviços auxiliares aos transportes e correio, que obtiveram ganhos de receita mais expressivos”, detalha Rodrigo Lobo.

Turismo

Os índices de atividades turísticas crescem, mas ainda não retornaram ao nível pré-pandemia. Segundo a PMS, o índice de atividades turísticas tem avançado 0,5% em julho na comparação com junho. É a terceira taxa positiva seguida, período em que acumulou crescimento de 42,2%. O turismo ainda necessita crescer 32,7%, contudo, para retornar ao patamar pré-pandemia, em fevereiro do ano passado.

Oito das 12 unidades da Federação observadas nesse indicador apresentaram taxas positivas, com destaque para Pernambuco (9,5%), Santa Catarina (9,4%), Bahia (6,1%) e Rio de Janeiro (2,1%). No campo negativo, ficaram São Paulo (-0,4%), Paraná (-1,6%), Goiás (-1,9%) e Distrito Federal (-0,3%).

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