O Comitê de Política Monetária do Banco Central (BC) aponta que a inflação ao consumidor deverá seguir elevada tanto este ano quanto em 2022. O colegiado passou a projetar uma inflação de 8,5% até dezembro e de 3,7% no ano que vem — acima do centro da meta de 3,5. Como principais fatores de pressão inflacionária, o colegiado destaca a alta nos preços dos bens industriais e a persistência de alta em alimentos, combustíveis e, especialmente, energia elétrica. Segundo o Copom, esses itens “refletem fatores como câmbio, preços de commodities e condições climáticas desfavoráveis".
A ata da última reunião do órgão, divulgada ontem, informa que a taxa básica de juros, a Selic, deverá chegar a 8,25% neste ano e a 8,50% em 2022. Daniel Miraglia, economista chefe da Integral Group, explica que, embora deva haver mais altas de juros nas próximas reuniões do Copom, no próximo ano, não só o Banco Central como os bancos centrais espalhados pelo globo serão mais cautelosos quanto ao ajuste das taxas básicas. “Subir juros só controla a demanda, não é capaz de conter um choque de oferta que é o que está acontecendo no mundo”, afirmou Miraglia.
Já na visão de Joni Vargas, especialista da Zahl Investimentos, a manutenção da inflação em patamar elevado pode significar mais aumento da taxa de juros no início de 2022. “Não será surpresa se, no começo do ano, tivermos uma Selic de dois dígitos, voltarmos para 10%, contanto que ancore a inflação de 2022 para que não ultrapasse o limite máximo de 5% estabelecido pelo Banco Central”, afirma o especialista.
Nas duas últimas reuniões do Copom, em agosto e setembro, o ajuste na Selic foi de 1 ponto percentual em cada uma delas, refletindo as expectativas do mercado financeiro. Atualmente, a taxa básica é de 6,25% ao ano. “Esse ritmo de ajuste é o mais adequado para garantir a convergência da inflação para a meta no horizonte relevante”, informa a ata. “O comitê antevê outro ajuste da mesma magnitude (em outubro) e enfatiza que os passos futuros da política monetária poderão ser ajustados para assegurar o cumprimento da meta de inflação”, pontua o documento.
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