Economia

Presidente do BC: PIB brasileiro teve queda menor que países em recuperação mediana

A urgência do governo, segundo ele, é a criação de vagas de empregos, que devem vir a partir da iniciativa privada. Isso impactará em uma política de credibilidade do consumidor e garantirá melhor reabertura da economia no pós-pandemia

Tainá Andrade
postado em 04/10/2021 23:31
 (crédito: CB/D.A. Press)
(crédito: CB/D.A. Press)

Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central, disse em evento da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), que o Brasil teve uma boa posição do Produto Interno Bruto (PIB) no combinado de 2020 e 2021, mas que deve realizar reajustes para o ano que vem. Segundo ele, o programa de auxílio implementado no país ajudou na classificação de “uma queda menor” se comparado com outros países que estão em “recuperação mediana”.


“Há previsões mais baixas para 2022. O Brasil tem crescimento estrutural mais baixo do que os outros países. Por isso, precisamos seguir com as reformas, para aumentar esse crescimento estrutural”, explicou. O tom otimista continuou ao falar sobre a reabertura da economia, Campos informou que o Brasil tem se recuperado mais rápido que os demais países.

Para Campos, a inflação é um problema mundial. “O mundo vivia um estágio de crescimento. Veio a pandemia, as pessoas ficaram em casa, então consumiram menos serviços e mais bens. Quando a pandemia terminar, se abre novamente os serviços e teremos uma inversão. A história da inflação é muito transitória. Como consumo de bens demanda mais energia do que de serviços se tem um gargalo”, afirmou.


Campos admitiu que o real se “depreciou” bastante no ano passado, o que foi visto na onda inflacionária relacionada a alimentos e ao comportamento do câmbio. Porém, em 2021, ele classifica que a moeda está na média e até "um pouquinho melhor" em comparação com outros países. 


Inflação Verde


Para justificar os preços dos combustíveis, o presidente do Banco Central explicou que, para se chegar ao objetivo de conseguir energias limpas, deve-se usar “componentes não limpos”. Essas substâncias estariam com alta demanda no mercado, o que vai refletir em um aumento de preço e até uma escassez dos insumos.


Para ele, essa é a mesma relação que ocorre com a energia elétrica. “Significa que temos uma inflação de energia global. Em grande parte dos países o preço da energia está subindo. Não significa que a fonte de energia é mais cara, significa que para produzir isso, o uso dos componentes não tão verdes é mais alto e mais caro. Se não usá-los, não irá atingir seu objetivo em tornar a cadeia mais verde”, explicou.

Política de credibilidade


No momento, Campos entende que o mais urgente para o governo é conseguir a credibilidade dos consumidores. Em sua leitura, os indicadores de confiança mostram que existe uma diferença da confiança a partir da renda. Então, para ele o governo deve dar assistência, mas isso deve vir na forma de emprego, pois “vai perpetuar mais na cadeia”. No entanto, a criação de vagas deve ser de responsabilidade da iniciativa privada, já que na visão de Campos o governo é “limitado” em seus recursos.


“É melhor dar um emprego que uma renda, vai perpetuar mais na cadeia. O emprego informal está com recuperação lenta. Se é estrutural? Sim, é verdade. A eficiência do programa de emprego é melhor. Tem que se preocupar com a geração de emprego, entendendo que a saída é a iniciativa privada, porque o governo não tem recurso, é limitada. Tem que ter credibilidade. São essas reformas que vão ajudar”.

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