COMÉRCIO

Vendas no comércio despencam 3,1% em agosto, aponta IBGE

Seis dos oito setores pesquisados registraram taxas negativas, frente a julho, com destaque para o segmento que engloba as grandes lojas de departamento, que caiu 16%

Fernanda Fernandes
postado em 06/10/2021 11:09 / atualizado em 06/10/2021 11:09

Ao passo em que a produção industrial recuou em agosto, o volume de vendas do comércio varejista no país também desacelerou 3,1% no mês, frente a julho (2,7%). Dados da Pesquisa Mensal de Comércio (PMC), divulgada nesta quarta-feira (6/10), pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), apontam que mais da metade das atividades registrou queda no período. Seis dos oito setores pesquisados tiveram taxas negativas, com destaque para o segmento Outros artigos de uso pessoal e doméstico, que engloba as grandes lojas de departamentos. Após alta em julho, o setor apresentou queda de 16%.

IBGE explica que a queda em agosto se justifica, entre outros fatores, pela expansão das plataformas de marketplace dessas grandes lojas, que culminou em crescimentos expressivos em julho (19,1%), mas que desaceleraram no mês seguinte. “Com muitos descontos, o consumidor antecipou o consumo em julho, fazendo com que o mês de agosto registrasse uma queda grande de 16%. Esse recuo, contudo, não é suficiente para retirar os ganhos dos quatro meses anteriores”, explica o gerente da pesquisa, Cristiano Santos.

Segundo o IBGE, as duas únicas atividades que tiveram altas nas vendas em agosto foram Tecidos, vestuário e calçados (1,1%) e Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos (0,2%).

Mesmo com dois recuos consecutivos, em julho e agosto, o setor varejista acumula alta de 5,1% no ano e um crescimento de 5% nos últimos 12 meses, segundo a pesquisa. “Foi um setor que sofreu bastante no início da pandemia, mas se reinventou com a reformulação das suas estratégias de vendas pela internet”, diz nota técnica do órgão.

Além de artigos de uso pessoal e doméstico, também recuaram os setores de Equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (-4,7%), Combustíveis e lubrificantes (-2,4%), Móveis e eletrodomésticos (-1,3%), Livros, jornais, revistas e papelaria (-1,0%) e Hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (-0,9%).

O gerente da PMC afirma que a receita nominal de hiper e supermercados, perto de zero em agosto (0,3%), e a queda de 0,7% em combustíveis demonstram diminuição nos gastos das famílias na passagem de julho para agosto. “Hiper e supermercados, assim como combustíveis e lubrificantes, vêm sendo impactados pela escalada da inflação nos últimos meses, o que diminui o ímpeto de consumo das famílias e empresas”, informa Cristiano Santos.

No comércio varejista ampliado, que inclui o setor de vendas de veículos e materiais de construção, a queda foi de 2,5% em agosto na comparação com julho. A atividade de Veículos, motos, partes e peças teve variação positiva de 0,7%, enquanto Material de construção registrou queda de 1,3%.
De acordo com Santos, apesar do recuo em agosto, o varejo está 2,2% acima do período pré-pandemia. Esse nível, porém, não é homogêneo entre os setores, segundo o gerente. “Há atividades que ainda não recuperaram as perdas, como material para escritório, informática e comunicação; combustíveis e lubrificantes e tecidos; e vestuário e calçados”, pontua.

Interanual

A queda no setor de hipermercados (e outros) não foi registrada apenas em agosto, frente a julho. Na comparação com agosto do ano passado, o setor também registrou variação de -4,6%. Segundo o IBGE, o comércio varejista em geral teve queda de 4,1% na comparação interanual, após cinco taxas positivas consecutivas neste indicador. Os segmentos que mais impactaram na comparação por período, além do setor de hipermercados etc, foram os de Móveis e eletrodomésticos, com queda de 19,8%, de Material para escritório, informática e comunicação (-9,1%) e de Outros artigos de uso pessoal e doméstico (-1,7%). As outras quatro atividades pesquisadas tiveram aumento no indicador interanual.

“Essa é a primeira taxa interanual negativa desde fevereiro. As cinco taxas positivas anteriores refletiam a base muito baixa de comparação daquele momento de 2020”, observa Cristiano Santos.

Já o comércio varejista ampliado ficou estável, em 0%, frente a agosto de 2020. Contudo, houve alta de 16,8% na atividade de Veículos e motos, partes e peças e queda de 7,1% no setor de Material de construção.

Frente ao mesmo período no ano passado, o comércio varejista teve resultados negativos em quase todas as unidades da Federação em agosto deste ano, sendo o maior registrado em Rondônia (-19,7%). Os três estados que ficaram no campo positivo foram Ceará (2,0%), Maranhão (1,0%) e Roraima (0,3%). No comércio ampliado, essa variação negativa se espalhou um pouco menos, atingindo 20 das 27 unidades federativas.

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