O cidadão brasileiro irá enfrentar mais uma alta na conta de luz em 2021. Ao menos essa será a realidade de brasilienses, goianos e paulistas, já que a diretoria da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) autorizou o aumento da conta de luz em até 16% para quase 8 milhões de consumidores do Distrito Federal, de Goiás e São Paulo. O reajuste é decorrência da Revisão Tarifária Periódica das tarifas. No DF, o aumento é de 11,1%, em média, e passou a valer ontem. A correção foi proposta pela Neoenergia, responsável pela distribuição em Brasília, e aprovada pela Aneel na última quinta-feira.
Em São Paulo, o novo valor começa a vigorar hoje. Com a autorização do reajuste da tarifa concedido às empresas EDP e CPFL Piratininga, quase 4 milhões de consumidores serão atingidos. O aumento será de 16% para as residências e 4% para indústrias de alta-tensão. Em Goiás, o aumento para indústrias de alta-tensão foi ainda maior: 14%. A tarifa para residências subirá 16%. Os novos preços devem atingir pelo menos 3 milhões de pessoas de 237 municípios goianos.
Em nota, a diretoria da Aneel justificou que os reajustes são resultado, principalmente, dos custos relacionados ao cenário de escassez hídrica, da elevação da inflação e da variação cambial. A agência ressaltou que as revisões tarifárias estão previstas nos contratos de concessão.
A professora de Economia da Universidade Presbiteriana Mackenzie Campinas, Leila Pellegrino, explicou que a principal razão para o aumento no custo da energia é a crise hídrica, já que o país ainda depende de maneira importante da geração hidrelétrica. Leila não vê melhora no cenário até meados do primeiro semestre do ano que vem, e aponta consequências para a população de modo geral, já que tanto pessoas físicas quanto o setor produtivo sofrem com a alta.
“Do ponto de vista do cidadão, teremos um efeito sobre a renda para baixo. Então, ele vai perder poder aquisitivo e uma parte de recursos que ele poderia gastar com bens de serviços vai ser designada para manutenção dessa necessidade básica de energia elétrica”, explicou.
O aumento na conta de luz também afetará o setor produtivo. “Nesse caso, a consequência é o aumento do custo dos bens e serviços. A alta é muito ruim para a atividade empresarial, que já vem sofrendo os efeitos da pandemia”, avalia a economista.
A cabeleireira Helena Aires, 47 anos, gerencia um salão de beleza há dois anos e sofre as consequências do aumento da conta de luz. “Estamos fazendo o máximo para reduzir a conta. Já paramos, por exemplo, de usar o ar-condicionado”, contou. A comerciante disse que o aumento atrapalha ainda mais a retomada dos trabalhos presenciais. “A gente está reiniciando o nosso trabalho, passando pelo processo de recomeço e não temos apoio nenhum. Tudo está mais caro”, criticou.
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Promoção de gasolina atrai consumidor
Longas filas de carros se formaram durante a semana em postos da Asa Norte que decidiram reduzir os preços da gasolina. O litro do combustível podia ser encontrado por R$ 6,15 ou R$ 5,85, com desconto de aplicativos.
Gabriel Arcanjo, 59 anos, instrutor de autoescola, aproveitava as promoções, em um posto da 205 Norte. “Trabalho o dia todo com o carro, então, são 2,5 litros e meio com cada aluno. Trabalho, ainda, com carro alugado. Se achou barato, tem que ir atrás”, explicou.
No posto Shell da 212 norte, o valor da gasolina, até quinta-feira, estava em R$ 6,09, na sexta foi para R$ 6,16. O frentista Samuel da Silva, 21 anos, afirmou que tem cliente que não acredita e quer saber o que aconteceu. Eduardo Ribeiro, 23 anos, chefe de pista no Ipiranga da 111 norte, suspeita que é disputa entre empresários.
“Acredito que é disputa. Toda semana muda. Na semana anterior, o litro da gasolina comum custava R$ 6,89. No sábado e no domingo, já estava a R$ 6,24. Se comprar pelo aplicativo, é R$ 5,85, com desconto de 5%”, comentou.
Alex Bispo, 43, motorista de aplicativo, encheu o tanque todos os dias entre o posto Ipiranga e o Shell. “É uma oportunidade. Eu rodo Brasília toda, e é difícil ver um preço razoável”, comentou. Bispo, no entanto, fez um alerta. “O aplicativo é furada, o desconto não é considerado na bomba, é só uma forma de fidelizar o cliente. Os donos de postos colocam na promoção e falam que o aplicativo está fora do ar. Aconteceu comigo na Shell e no Ipiranga. É propaganda enganosa”, acusou.
No geral, porém, os consumidores ficaram satisfeitos com os valores menores. A vendedora autônoma Michele Carvalho, 35, utiliza o carro como ferramenta de trabalho. Com a disparada do preço dos combustíveis, ela reorganizou a rotina e abriu mão de sair de Planaltina para o Plano Piloto todos os dias. O veículo passou a ser utilizado somente na segunda e na sexta-feira. Nos outros dias, ela faz o caminho de ônibus. Dessa forma, gasta apenas R$ 200 por semana com a gasolina. “Não está fácil. A sensação como consumidora é de ser lesada. A gente trabalha tanto, paga tanto e não está conseguindo o mínimo de conforto que seria vir de carro e não pegar o ônibus lotado, de tão longe.”