APLICATIVOS

Sob pressão dos combustíveis

» Bernardo Lima*
postado em 24/10/2021 23:49
 (crédito: Lis Cappi/Esp. CB/D.A Press - 10/2/20)
(crédito: Lis Cappi/Esp. CB/D.A Press - 10/2/20)

A disparada no preço da gasolina tem dificultado a vida dos motoristas de aplicativos, como Uber e 99, que se queixam das baixas tarifas repassadas pelas empresas. Enquanto isso, usuários reclamam da qualidade do serviço ofertada.

Com a escalada do dólar e a cotação elevada do petróleo no mercado internacional, que alcançou a marca de U$ 85 por barril, o preço da gasolina disparou. Os preços do etanol e do gás natural veicular (GNV) também aumentaram. Com isso, a inflação para o motorista no Brasil chegou a 18,46% no acumulado em 12 meses até outubro, segundo levantamento do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV). É a maior inflação para esse grupo desde 2000.

O resultado é que o ganho dos motoristas diminuiu muito. O líder do Movimento dos Motoristas de Aplicativo do Distrito Federal, Manoel Scooby, explica que as principais empresas do segmento reajustaram as taxas destinadas aos condutores, mas diz que a correção não foi suficiente para compensar a alta do preço dos combustíveis.

“A Uber nos informou que teve um reajuste de 15%. Já a 99 diz que houve de 15% a 20%. Porém a gasolina teve um reajuste de 40% em dois anos, os aplicativos não acompanharam o mercado”, desabafa Scooby.

O indicador oficial de inflação do governo, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) , revela que a gasolina teve uma inflação de 39,60% em acumulado de 12 meses, até setembro. Além disso, no último mês, o gás veicular, mais conhecido como GNV, aumentou 0,68%, enquanto o óleo diesel (0,67%) também apresentou variação positiva.

Motorista de aplicativo há quatro anos e meio, Jorder Luiz Junior acumula mais de 16 mil corridas com Uber, 99 e InDriver. Insatisfeitos com a porcentagem que fica para as plataformas, ele afirma que, na verdade, não teve reajuste para os profissionais. “Pelo contrário, (a margem das empresas) subiu ainda mais. Hoje, está em torno de 25% a 45%”, declara.

Com os preços das corridas aumentando, o número de viagens diminuiu, pois os consumidores se ressentem do impacto no bolso e, muitas vezes, o trajeto não é compensador para os motoristas. “Sou a favor de um preço justo aos passageiros, gerando, consequentemente, um volume maior de corridas. Assim, motoristas e passageiros sairiam ganhando”, diz Jorder.

Locação

Atualmente, muitos usuários estão com dificuldade de conseguir motoristas de aplicativos nas grandes cidades. De acordo com a Associação Brasileira das Locadoras de Automóveis (Abla), os motoristas de aplicativo alugavam 200 mil veículos no início do ano passado. Esse número chegou a cair cerca de 80% no pico da crise, entre abril e maio de 2020, mas se recuperou no fim do ano. Hoje, o segmento aluga cerca de 170 mil veículos das locadoras, uma perda de 30 mil locações em relação ao início do ano passado.

Questionada pelo Correio, a 99 diz que, atualmente, possui 750 mil motoristas cadastrados em todo país e não observou redução no número de parceiros, mas, sim, um aumento da demanda de usuários.

A empresa informa, ainda, que, em de setembro, fez um reajuste de 10% a 25% na tarifa repassada aos motoristas que trabalham nas 1.600 cidades onde opera.

Já a Uber informou que “tem intensificado seus esforços para ajudar os motoristas parceiros a reduzirem seus gastos, com parcerias que oferecem desconto em combustíveis, por exemplo, assim como tem feito uma revisão e reajustado os ganhos dos motoristas parceiros em diversas cidades”.

*Estagiário sob a supervisão de Odail Figueiredo

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