Juros altos e PIB em queda em 2022

Correio Braziliense
postado em 11/11/2021 00:01
 (crédito:  Reprodução/Redes Sociais)
(crédito: Reprodução/Redes Sociais)

Ao revisarem as projeções de inflação para cima, analistas lembram que o Banco Central precisará acelerar o ritmo de alta da taxa básica de juros (Selic) se quiser manter a inflação dentro da meta no ano que vem. Sergio Vale, economista-chefe da MB Associados, destacou que a recente crise fiscal ainda não mostrou seu pleno impacto na economia, mas dá mostras do que pode significar para 2022. "O IPCA de outubro, que novamente veio acima das expectativas de mercado, ainda tem a ver com o que aconteceu antes da quebra do regime fiscal, mas sinaliza os problemas que teremos pela frente. Com cerca de 35% do IPCA crescendo acima de dois dígitos, o BC terá dificuldade para trazer a inflação para a meta ano que vem", disse.

"Mesmo com os juros subindo para os 11,75% — nova projeção ante os 10,5% esperados anteriormente —, não mudamos a expectativa de 4,7% de IPCA em 2022. Subir os juros para esse patamar ajudará a manter o IPCA nessa faixa, pois, caso contrário, teríamos que aceitar uma Selic menor e a inflação teria que ser ajustada para 5,5%", alertou o economista.

Vale manteve em 0% a previsão para o Produto Interno Bruto (PIB), no ano que vem, mas disse que "há 50% de chance de uma recessão acontecer", especialmente com juros mais elevados.

Eduardo Velho, economista-chefe da JF Trust, revisou a estimativas de inflação para 10,10% em 2021 e para 5,94% em 2022. "A inércia começa a forçar a inflação mês a mês, que passa a ficar próxima de 1% em novembro e em dezembro, o que é muito preocupante. Será preciso que o Banco Central dê uma paulada mais forte nos juros se quiser cumprir o compromisso de trazer o IPCA para o centro da meta em 2022", alertou.

Velho lamentou o fato de o BC ter demorado para começar a reagir à persistência inflacionária. "O timing para um ajuste monetário mais forte foi perdido em maio. O mercado está percebendo que a inflação está muito disseminada e não ocorre apenas pelos reajustes dos preços administrados (como conta de luz e transporte)", disse.

Arnaldo Lima, diretor de Estratégias Públicas do grupo Mongeral Aegon (MAG), elevou a projeção de alta do IPCA de 2021 de 9,7% para 9,9%, mas manteve, "neste momento", a previsão de 4,5% para 2022. Ele também reconheceu, no entanto, que deve haver uma alta mais forte nos juros para a convergência da inflação para a meta em 2022, "mesmo acarretando perda de dinamismo econômico". Ele lembrou que, além dos combustíveis e da energia, "outra fonte de pressão inflacionária é a taxa de câmbio, cuja desvalorização também é reflexo do elevado risco fiscal".(RH)

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