O ministro da Economia, Paulo Guedes, voltou a atacar as projeções mais pessimistas do mercado, que indicam que o Brasil vai crescer menos do que o resto do mundo, contrariando a fala dele para os investidores árabes, durante a recente viagem do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) a Dubai. Em tom otimista, Guedes disse que o Brasil poderá crescer mais de 5%, neste ano, e também no ano que vem, porque existe um "pipeline" de investimentos contratados. O ministro criticou as estimativas de queda do Produto Interno Bruto (PIB) em 2022.
"Eu discordo das previsões dos bancos e digo isso, porque estou falando sobre fatos", disse Guedes, ontem, em evento virtual do Bradesco BBI. "Eu não comento previsões. Eu falo sobre fatos. O Brasil caiu menos e se recuperou rápido (em 2020). Quero ver a Europa, os Estados Unidos e o Japão crescendo 6%. Mas o Brasil vai crescer mais de 5% neste ano. Vamos ver o que vai acontecer", disse Guedes. Segundo o ministro, no próximo trimestre, quando bares, restaurantes e escolas reabrirem, a economia voltará com mais força. "Tente fazer reserva nas suas férias de fim de ano no Brasil, está tudo reservado", afirmou.
O otimismo de Guedes contrasta com as projeções da sua própria assessoria. Mais cedo, o Ministério da Economia divulgou novas previsões macroeconômicas e reduziu de 5,3% para 5,1%, a estimativa de avanço do PIB brasileiro, neste ano, e de 2,5% para 2,1%, a previsão para o ano que vem. Esses dados estão acima da mediana das projeções do mercado do boletim Focus, do Banco Central, de 4,88% e de 0,93%, respectivamente.
De acordo com o ministro, o problema do Brasil não será o crescimento, mas a inflação resiliente. "Eu não faço previsões, mas todos os setores estão bombando, e temos mais de R$ 500 bilhões (de investimentos) assinados e não vejo como o Brasil não vai crescer no ano que vem. No ano que vem, vamos ver que o país vai crescer", afirmou. Ele reconheceu que a inflação não é um problema apenas do Brasil, mas global. "A inflação está aumentando no mundo inteiro. É um novo inimigo, mas sabemos como lutar", afirmou
O chefe da equipe econômica também não poupou críticas à economista-chefe do Fundo Monetário Internacional (FMI), Gita Gopinath, que anunciou, no mês passado, que deixará o cargo em janeiro de 2022 para retomar ao Departamento de Economia da Universidade de Harvard, quando sua licença para o serviço público chega ao fim.
Para Guedes, a economista indiana, primeira mulher a assumir o cargo no Fundo, acabou sendo trocada, porque errou muito as previsões. "O FMI vai trocar a economista-chefe. Era uma garota legal, mas eu disse a ela que discordava das previsões, porque errou muito", disse, mencionando a previsão do Fundo no auge da pandemia da covid-19 de que o PIB brasileiro iria cair 9,7%. O país acabou encolhendo 4,1%, menos do que nações desenvolvidas. "Ninguém sabia o que estava acontecendo. Eu disse a ela: você tem que ser humilde, porque os parâmetros estão instáveis", afirmou.
Oriente Médio
Ao comentar sobre a viagem que fez com o presidente aos Emirados Árabes, Guedes disse que o Brasil é uma "nova fronteira de investimentos" para atrair os petrodólares e que, nesse sentido, chegou a oferecer até o Flamengo para os investidores comprarem. "Assim eles transformam o time em uma máquina, como fizeram com o Manchester, que contratou o Cristiano Ronaldo", disse o ministro em referência ao tradicional time de futebol britânico que tem o craque português no elenco. Ele acrescentou que queria ver o Messi jogando no time carioca. Guedes disse, em tom de brincadeira que Bolsonaro, que é palmeirense, também ofereceu o Palmeiras para os árabes.
"Tivemos muitas reuniões e dissemos que há muito ruído negativo, mas não tem problema, porque a democracia é barulhenta. As boas notícias eles entenderam e planejam reciclar os petrodólares. Falamos do Porto de Santos, da Eletrobras e em como eles podem nos ajudar na área de petróleo, porque eles são mestres nessa área", disse Guedes. (RH)
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