Diante do "risco muito elevado" que a nova variante do novo coronavírus ômicron representa para o mundo, segundo análise da Organização Mundial da Saúde (OMS), diversas prefeituras indicaram que vão suspender as flexibilizações de medidas contra a covid-19 previstas para o final de ano.
Ao menos sete capitais cancelaram a festa de réveillon: Belo Horizonte, Salvador, Florianópolis, Fortaleza, São Luís, João Pessoa e Palmas. Em São Paulo, a flexibilização do uso de máscaras, prevista para 11 de dezembro, também está sob avaliação.
Enquanto prefeitos se preocupam com um novo possível avanço da covid, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, procurou passar tranquilidade. Ele disse que a ômicron não é uma variante de "desespero" e indicou que vê o Brasil mais preparado para uma "eventual" nova onda.
"Há três dias, foi anunciada uma nova variante, a variante ômicron. Eu falei, é uma variante de preocupação, mas não é uma variante de desespero. Não é uma variante de desespero, porque nós temos autoridades sanitárias comprometidas com a assistência de qualidade a nossa população", disse Queiroga, durante solenidade para compra de 100 milhões de doses da Pfizer para 2022, em Salvador. Queiroga ainda destacou o preparo do sistema de saúde em relação à doença. "Nós reforçamos a capacidade dos nossos hospitais.
O governo Bolsonaro praticamente duplicou o número de leitos de UTI. [...] Hoje, se houver uma eventual terceira onda, teremos uma condição muito melhor de assistir a nossa população", completou. O ministro comentou que chegou a conversar com Tedros Adhanom, diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), sobre os riscos da ômicron e que não vê chances de "retrocessos" ou piora em relação às primeiras ondas da doença no país.
O prefeito de Salvador, Bruno Reis (DEM), pensa diferente. Ele anunciou, ontem, o cancelamento da festa de réveillon na capital baiana. Em relação ao carnaval, o prefeito disse que ainda não há decisão tomada, e que será divulgada junto com o governo estadual. Mesmo com o avanço da vacinação, o cenário de incertezas provocado neste momento pela covid-19 levou à conclusão de que não há como realizar o Festival da Virada este ano, um evento para mais de 250 mil pessoas por dia, com segurança sanitária aos cidadãos, segundo o prefeito.
"Sempre disse que íamos avaliar o que está acontecendo no Brasil e no mundo, como a pandemia está se comportando em lugares com índices diferentes de vacinação. No entanto, chegamos ao limite da decisão para o réveillon e nós acreditamos que, diante de tudo o que estamos vendo, não é o momento de colocar em risco tudo o que construímos até aqui, sempre colocando a vida das pessoas em primeiro lugar", afirmou Bruno Reis.
Com a possibilidade da chegada no Brasil da ômicron, a prefeitura de São Paulo pensa em adiar a liberação do uso de máscaras em ambientes externos. Segundo o secretário municipal da Saúde, Edson Aparecido, agora, é arriscado manter a previsão de liberação para as próximas semanas.
A gestão municipal ainda aguarda resultados de um estudo próprio para decidir se continuará seguindo o cronograma estabelecido pelo governo de João Doria (PSDB). A secretaria estadual de saúde deve divulgar um novo parecer sobre o assunto em 6 de dezembro.
O médico infectologista Julival Ribeiro alerta que o Brasil precisa monitorar intensamente a entrada da cepa no país, pois compreender o nível de gravidade da ômicron levará "desde dias a várias semanas". Ele não vê segurança na realização de festas e comemorações, como o réveillon. "Devemos nos manter calmos, além de continuar vacinando e adotando as medidas preventivas. Desaconselho aglomerações e festas", finalizou.
*Estagiária sob a supervisão de Carlos Alexandre de Souza
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