COP26

Campos Neto: mudanças climáticas influenciam no sistema financeiro

Em apresentação na COP 26, o presidente do BC disse que para os Bancos Centrais é muito importante vislumbrar essa estabilidade ao longo do tempo, para que a política monetária seja mais eficaz

O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, afirmou em videoconferência durante evento do Pavilhão Brasil na COP-26, nesta quarta-feira (3/11), que as mudanças climáticas afetam a política monetária. O presidente citou eventos como ondas de calor, geadas e outros eventos climáticos que impactaram a cadeia de suprimentos nos preços. “Para nós, é muito importante vislumbrar essa estabilidade ao longo do tempo, para que a política monetária seja mais eficaz”.

O presidente ressaltou também que os riscos climáticos afetam o outro mandado do BC, o de estabilidade do sistema financeiro, com impactos, por exemplo, no balanço dos bancos e no que eles financiam. "Mais e mais BCs fazem testes de estresse que incluem climáticos".

“O que identificamos é que as nossas missões, são aquelas que visam a estabilidade dos preços nos sistemas financeiros. Estão aí os dois imperativos dos Bancos Centrais. Isso é um denominador em comum. E porque se preocupam com a degradação do ambiente. Primeiro porque isso afeta as políticas monetárias. Os choques relacionados ao clima acabam afetando os preços, isso nós vimos no Brasil. Já tivemos a primeira onda (da covid-19), depois a geada que acabou afetando os alimentos, também os eventos climáticos mudando a cadeia de fornecimento”, explicou Campos Neto.

O presidente do BC citou também que o Brasil faz bons investimentos em energia renovável e na produção sustentável de alimentos. Campos Neto profere nesta quarta-feira palestra sobre a "Agenda de Sustentabilidade do Banco Central", por videoconferência.

Economia verde

Segundo Campos Neto, há uma opção cada vez maior por opções verdes e isso o levou a destacar um primeiro ponto. “Essa transição para uma economia verde vai ser mais difícil do que se imaginava. E é por isso que é muito importante manter a criatividade no financiamento da transição. Ao analisarmos os estágios da sensibilização daquilo que correntemente observamos, e ao analisar o que o Brasil fez, começamos com uma preocupação quanto a geração de energia”, disse.

Segundo Campos Neto, com as pessoas consumindo mais em casa, os preços dos produtos subiram e do setor de serviços caíram. A expectativa global era de que haveria uma reversão, com a alta do consumo de serviços e uma queda no consumo de bens. Mas dados recentes indicam que a demanda por bens continua em alta. “Esse aumento do consumo de bens também aumenta a demanda por energia, porque para produzir bens se usa mais energia do que para produzir serviços”, apontou. “E, ao mesmo tempo, o mundo está tentando alcançar esse novo equilíbrio e ser mais verde, investindo menos em alguns tipos de energia”, completou.

Campos Neto reconheceu que, olhando para o que aconteceu no período pós-pandêmico, na recuperação, os desafios são maiores do que o antecipado em termos de transição. “Estamos em um momento muito importante, o que fizermos agora vai ser importante para uma transição nos próximos 2 anos”, explicou.

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