Planejar é essencial

Diante da escalada dos juros e do endividamento elevado das famílias, especialistas orientam os consumidores a programarem bem as despesas ao longo do mês para não ficarem ainda mais no vermelho. O recomendável é não comprometer mais do que 30% da renda familiar com dívidas, para começar.

Ricardo Rocha, professor de Finanças do Insper, recomenda que é preciso fazer um bom planejamento para não cair na bola de neve do endividamento elevado. Ele lembra que a chegada da primeira parcela do 13º salário poderá ajudar na quitação daquelas dívidas mais caras. "É preciso começar 2022 com o uso adequado do 13º, fazendo um orçamento para as despesas de início de ano, com meta de reduzir o endividamento ou alongar, se for a melhor alternativa", sugere.

Contudo, esse salário extra pode não ser uma garantia para muitos brasileiros, uma vez que pesquisa feita pelo Datafolha, a pedido do Sindicato das Micro e Pequenas Empresas do Estado de São Paulo (Simpi), revela que uma em cada cinco empresas deverá atrasar o 13º deste ano. O levantamento indica que 26% das micros e pequenas indústrias têm mais dificuldade para pagar o benefício neste ano do que tinham em 2020.

"É importante fazer um bom planejamento financeiro, saber administrar o orçamento familiar de forma rígida e não esquecer de fazer previsão de gastos futuros para o próximo ano", reforça Fábio Gallo, professor de Finanças da Fundação Getulio Vargas (FGV). Ele recomenda colocar tudo no papel e separar os gastos por quatro grupos: A (Alimentação), B (Básicos), C (Contornáveis) e D (Desnecessários). "É preciso determinar um valor fixo para cada uma dessas despesas no mês, inclusive, para a alimentação, que é mais essencial, e, assim, evitar comprar itens supérfluos. É possível substituir os produtos mais caros pelos mais baratos. Muitas famílias já estão trocando a carne pelo ovo. Mas o importante é não gastar além do valor destinado na planilha", afirma.

No segundo grupo, estão os itens básicos, como contas de luz, gás e telefone. O jeito é tentar economizar o máximo possível. A terceira categoria possui aqueles gastos que fazem a vida melhor, mas podem ser cortados no caso de emergência, como TV a cabo, serviços de streaming, de banda larga e até academia. "Eu já vi desempregado pagando academia. A banda larga pode ser necessária para algumas pessoas, mas é preciso colocar tudo isso no sinal amarelo, pois podem ser cortados", conta Gallo.

Finalmente, no último grupo, estão aquelas despesas que o consumidor nem lembra que está comprando. Como exemplo, o professor orienta sempre conferir a fatura do telefone celular, porque pode aparecer algum pacote ou item que não foi contratado ou esquecido. Outro gasto desnecessário é a anuidade de cartão de crédito. "Hoje em dia não tem sentido pagar para uma bandeira se você pode ter cartão gratuito", ressalta. (RH)