Risco baixo a curto prazo

Correio Braziliense
postado em 05/12/2021 00:01

Especialistas não veem problema de solvência da dívida pública a curto prazo, mas reconhecem que a tendência é de alta nos juros pagos pelos títulos públicos devido às incertezas na economia e na gestão das contas públicas.

"O caixa único do Tesouro Nacional é grande. O problema é que teremos crescimento baixíssimo, inflação resiliente e juros altos. Resolver essa confusão não vai ser trivial", alerta Felipe Salto, diretor executivo da Instituição Fiscal Independente (IFI).

Liquidez

Sergio Goldenstein, estrategista-chefe da Renascença, também reconhece que o quadro da dívida pública não chega a ser preocupante a curto prazo. Ele lembra que o dado do colchão de liquidez divulgado recentemente pelo Ministério da Economia é de R$ 1,011 trilhão, dado próximo do pico de R$ 1,227 trilhão de agosto deste ano.

"O Tesouro vem conseguindo administrar bem a dívida pública. Esse montante do colchão é suficiente para cobrir quase todo o volume de vencimentos nos próximos 12 meses", destaca. Conforme levantamento feito por ele, o valor de títulos públicos que vencerão nos próximos 12 meses é de R$ 1,137 tri.

"A gestão da dívida vem sendo favorecida pela maior demanda por LFTs (títulos pós-fixados indexados à taxa Selic). O ciclo de elevação dos juros básicos proporcionou a demanda por esse papel, revertendo o movimento observado no passado", explica Goldenstein.

De acordo com o economista, os dois próximos meses serão mais tranquilos, porque o vencimento de títulos públicos é menor, sendo R$ 15 bilhões de NTN-B (títulos que pagam o IPCA mais uma taxa de prêmio adicional) após o vencimento relevante de LTNs (títulos prefixados) recente, de R$ 268 bilhões.

A dívida de curto prazo está em 21,5% do estoque total e, portanto, está abaixo do piso do Programa Anual de Financiamento (PAF), de 22%. "O Tesouro vai encerrar o ano em um patamar bastante confortável", aposta. Ele lembra que o prazo médio, que era de 3,6 anos no ano passado, aumentou, e ficou em quatro anos no mês de outubro.

Levantamento feito por Goldenstein mostra que, no primeiro semestre de 2022, os meses com maiores vencimentos de títulos serão janeiro (R$ 139 bilhões), março (R$ 262 bilhões) e abril (R$ 120 bilhões). E, na segunda metade do próximo ano, julho, agosto, setembro e outubro concentram os maiores volumes de vencimento, de R$ 129, de R$ 175, de R$ 167 e de R$ 88 bilhões, respectivamente. (RH)

Notícias pelo celular

Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.


Dê a sua opinião

O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.

Tags