Poupança volta a ter regra antiga

Correio Braziliense
postado em 09/12/2021 00:01

Após a alta da taxa básica de juros (Selic) para 9,25% ao ano, o rendimento da poupança volta a ser de 0,50% ao mês, ou 6,17% ao ano, além da Taxa Referencial (TR), que está zerada. É a mesma regra que era aplicada aos depósitos feitos até abril de 2012, quando o governo mudou o cálculo. Os recursos depositados a partir de maio daquele ano passaram a render 70% da Selic. Pela norma criada na época, a poupança só voltaria à antiga remuneração quando a taxa básica ficasse acima de 8,50% ao ano — o que ocorreu agora.

Na prática, o governo criou duas espécies de poupança: a antiga e a nova. Mesmo com a mudança, a poupança antiga, ou seja, formada por depósitos realizados antes de maio de 2012, continuou rendendo 6,17% ao ano mais TR. Agora, o rendimento das duas modalidades voltou a ficar igual — pelo menos enquanto a Selic continuar acima de 8,50% ao ano.

O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, tem afirmado que há estudos para mudar novamente a regra da poupança, mas não previu quando isso poderá ocorrer.

"A regra da poupança mudou quando a Selic ficou abaixo de 8,50%, porque a caderneta acabou ficando mais atrativa do que os fundos de renda fixa, que financiam grande parte da dívida pública. E, para tornar esse fundos mais competitivos do que a caderneta, o governo mudou a regra", destacou Miguel José Ribeiro de Oliveira, diretor executivo de Estudos e Pesquisas Econômicas da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac).

De acordo com ele, apesar de perder para a inflação, que está acima de 10% ao ano, a poupança ainda é um investimento mais rentável do que fundos de renda fixa que tenham taxas de administração acima de 1% ao ano, com prazos de resgate superiores a seis meses.

O economista Ecio Costa, professor de Economia da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), lembrou que a caderneta é a "porta de entrada" para as famílias de baixa renda e pequenos investidores que não têm um conhecimento sobre investimentos e precisam guardar dinheiro. "Com a Selic voltando a subir, a poupança continua perdendo para a inflação. É bom procurar outro tipo de aplicação que tenha um rendimento mais próximo da taxa básica para uma reserva emergencial de seis meses de gasto", orientou. "Para o longo e médio prazos, o investidor tem que ir para a renda variável para conseguir retornos maiores."

Retiradas

A rentabilidade abaixo da inflação de dois dígitos e o fim do pagamento emergencial aceleraram os saques da poupança em novembro. Conforme dados do BC divulgados no início da semana, os saques superaram os depósitos em R$ 12,4 bilhões. Foi a segunda maior retirada líquida no ano, atrás apenas de janeiro, quando a saída de recursos somou R$ 18,1 bilhões, o pior resultado em 26 anos.

No mês passado, os brasileiros sacaram R$ 294,1 bilhões da caderneta e depositaram R$ 281,7 bilhões. No acumulado do ano, a captação líquida está negativa em R$ 43 bilhões.(RH)

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