AUXÍLIO BRASIL

Auxílio Brasil: Valor de R$ 400 é insuficiente, dizem famílias

Agora, somente uma pessoa da família pode receber o novo benefício, ao contrário do ano passado, quando poderiam ser até duas

Fernanda Strickland
João Vitor Tavarez*
postado em 23/12/2021 06:00
Fila em uma das agências da Caixa Econômica Federal de Taguatinga para receber o auxílio do governo -  (crédito: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)
Fila em uma das agências da Caixa Econômica Federal de Taguatinga para receber o auxílio do governo - (crédito: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)

Criado em razão do surgimento da pandemia da covid-19, no ano passado, o auxílio emergencial pagou 9 parcelas de abril a dezembro — 5 de R$ 600 e 4 de R$ 300, podendo chegar ao dobro para mães solteiras — para 66 milhões de pessoas.

O presidente do Conselho de Economia do Distrito Federal, Cesar Bergo, lembrou que o auxílio emergencial atingiu cerca de 56 milhões de brasileiros. “Já o Auxílio Brasil prevê o atendimento de 17 milhões de famílias, o que é muito diferente. Nós vimos o quanto foi importante o auxílio emergencial, durante um período, porém o Auxílio Brasil é totalmente fora da realidade do auxílio emergencial”.

Um dos motivos para essa queda de beneficiários é o fato de que somente uma pessoa da família pode receber o novo benefício, ao contrário do ano passado, quando poderiam ser até duas. “Agora, o governo pratica um valor por volta de R$ 400, que é apenas um paliativo e que não atende as necessidades das famílias. É importante que o governo rapidamente adote medidas concretas para dar esse auxílio às pessoas necessitadas. Há também iniciativas como o vale-gás, e na questão do transporte também, mas poderíamos fazer um programa global, que atendesse, de fato, as necessidades dessas pessoas mais carentes”, observou o economista.

O Auxílio Brasil possui nove tipos diferentes de benefícios, voltados para a primeira infância, superação da extrema pobreza, esporte, iniciação científica, produtividade urbana e rural. A dona de casa Tatiana dos Santos, 37 anos, residente do Sol Nascente, no Distrito Federal (DF), recebeu a segunda parcela do Auxílio Brasil no último dia 20 na categoria mulher chefe de família.

Tatiana é separada e mora com sete pessoas em casa, sendo quatro filhos e três netos. Segundo ela, o valor depositado na conta social — que para ela está na faixa de R$530 —, ajuda muito nas despesas da casa. “Essa é a única renda que tenho no momento. Mas o valor não é suficiente para fechar as despesas da casa”, lamentou.

Cinco famílias

Conforme dados do Ministério da Cidadania, as cinco capitais com maiores números de famílias beneficiadas, em dezembro, foram: São Paulo (SP), com 511,7 mil; Rio de Janeiro (RJ), com 299,9 mil; Fortaleza (CE), 215,4 mil; Salvador (BA), 186,3 mil; e Manaus (AM), 129,9 mil.

Os menores números de grupos atendidos estão no Sul do país. Nova Roma, São Vendelino e Montauri, no Rio Grande do Sul, tiveram, cada uma, apenas cinco famílias beneficiadas.

Aumento

Em novembro, o ministro da Economia, Paulo Guedes, disse que sofreu uma “pressão enorme” da ala política por um Auxílio Brasil de maior valor. “A equipe econômica queria fazer um auxílio de R$ 300, dentro do Orçamento, tudo certinho. A política pressionando por R$ 600, e o presidente (Jair) Bolsonaro cortou ali em R$ 400. Eu alertei que isso não caberia no teto”, afirmou ele, em referência à regra que atrela o crescimento das despesas à inflação.

Após o governo ceder a reajuste de salários de policiais e de carreiras do Ministério da Justiça, na semana passada, Guedes alertou que aumentos para o funcionalismo são “uma ameaça para o futuro”. Segundo ele, se inflação continuar subindo, o Auxílio Brasil vai acabar tendo que subir de R$ 400 para R$ 600 ou R$ 800.

*Estagiário sob a supervisão de Andreia Castro

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