Mercado financeiro

Incerteza do mercado brasileiro e pressão externa fazem o dólar subir

O mercado financeiro começou 2022 sob instabilidade. Ontem, o dólar fechou em alta de 0,48%, terminando o dia cotado a R$ 5,69 para venda

Correio Braziliense
postado em 05/01/2022 06:00
 (crédito:  Thomas Breher por Pixabay )
(crédito: Thomas Breher por Pixabay )

O mercado financeiro começou 2022 sob instabilidade. Ontem, o dólar fechou em alta de 0,48%, terminando o dia cotado a R$ 5,69 para venda. Apenas nos dois primeiros pregões do novo ano, a moeda norte-americana acumulou valorização de 2,05% diante do real. Já a Bolsa de Valores de São Paulo (B3) recuou 0,39%, fechando aos 103.514 pontos. Em dois dias, a queda alcançou 1,25%.

Os analistas atribuíram o nervosismo dos investidores a dois fatores principais. No front doméstico, há o aumento da percepção de risco fiscal, em meio à pressão de servidores federais por reajuste salarial — que ganhou novo capítulo com a mobilização de funcionários do Banco Central — e a ameaças ao teto de gastos.

O segundo fator de pressão são as apostas de alta de juros nos Estados Unidos já no fim do primeiro trimestre. Hoje, o Federal Reserve (Fed), o banco central norte-americano, divulgará a ata da última reunião de política monetária. "Existe uma especulação em torno de três altas da taxa de juros nos EUA neste ano, o que tem um impacto forte no dólar, que está se valorizando no mundo todo", afirmou Zeller Bernardino, especialista da Valor Investimentos.

Pela manhã, a moeda chegou a ultrapassar a linha de R$ 5,70, correndo até a máxima de R$ 5,7113 — o que alimentou especulações em torno de um eventual leilão de venda de dólares à vista pelo Banco Central. A autoridade monetária, porém, se limitou a fazer a rolagem de 17 mil contratos de swap cambial (US$ 850 milhões) que vencem em março, como estava programado. Durante o dia, marcado pela instabilidade, o dólar chegou a operar em baixa de 0,43%, mas consolidou o movimento de alta durante a tarde.

Além da expectativa pela ata do Fed, o mercado aguarda a divulgação, na sexta-feira, do relatório de emprego (payroll) nos EUA em dezembro — que pode reforçar os argumentos em favor de uma alta iminente dos juros. Em nota a clientes, o banco ING afirma que, embora a onda de casos da variante ômicron possa enfraquecer temporariamente a economia dos EUA, os primeiros dados divulgados em 2022 sugerem que a atividade "está fundamentalmente muito forte, com crescimento robusto e inflação", o que sustenta a expectativa de três aumentos de juros neste ano.

Bolsa

A esperada ata de juros nos EUA tende a atrair recursos para aquele país, implicando em queda nos fluxos de capitais para mercados emergentes, como o Brasil. Por isso, a expectativa teve reflexos também na Bolsa, cujo giro de negócios, ontem, de R$ 28 bilhões, foi predominantemente de venda de ações.

A queda do Ibovespa principal indicador dos negócios da B3, só não foi maior por causa do desempenho positivo das ações de grandes bancos, como Itaú PN ( 2,84%) e Santander ( 1,46%). A alta das cotações do petróleo no exterior beneficiou também os papéis da Petrobras, com alta de 0,37% dos preferenciais. Todas essas ações têm peso significativo no índice.

 

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