CONJUNTURA

Emprego cresce, mas renda é mais baixa

Taxa de desemprego recua para 11,6% no trimestre encerrado em novembro, mas ganho médio é o menor desde 2012

Fernanda Strickland
postado em 29/01/2022 00:01
 (crédito: Marcello Casal Jr/Agência Brasil)
(crédito: Marcello Casal Jr/Agência Brasil)

A taxa de desemprego no Brasil caiu para 11,6% no trimestre encerrado em novembro, porém a renda média de trabalho atingiu o menor patamar da série histórica iniciada em 2012. De acordo com especialistas, isso significa que, ainda que as pessoas estejam conseguindo mais trabalho, as vagas disponíveis no mercado são de menor qualidade e de remuneração mais baixa.

De acordo com dados divulgados, ontem, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a renda média habitual dos trabalhadores foi de R$ 2.449, uma queda de 4,5% em relação ao trimestre anterior e de 11,4% na comparação com o mesmo período do ano anterior. Já a massa salarial permaneceu estável, estimada em R$ 227 bilhões.

Embora a taxa de desocupação tenha recuado de 12,1% para 11,6%, o país ainda tinha 12,4 milhões de brasileiros desempregados no trimestre setembro-novembro de 2021. De acordo com o IBGE, o número de pessoas ocupadas aumentou 3,5%, com 3,2 milhões de pessoas a mais no mercado de trabalho.

A coordenadora de Trabalho e Rendimento do IBGE, Adriana Beringuy, explicou que esse resultado acompanha a trajetória de recuperação da ocupação nos últimos trimestres da série histórica da pesquisa. "Esse crescimento também pode estar refletindo a sazonalidade dos meses do fim de ano, período em que as atividades relacionadas principalmente a comércio e serviços tendem a aumentar as contratações", disse.

Na avaliação da economista Catarina Sacerdote, a partir de setembro, vários segmentos da economia tendem a aumentar o ritmo, por causa das vendas de fim de ano. "Além disso, com boa parte da população vacinada, muitos prefeitos autorizaram algumas prestações de serviços que estavam bloqueadas, seja pela impossibilidade de realização sem o contato físico, seja pelo aumento da capacidade de funcionamento", explicou. "É possível confirmar essa percepção através dos dados de crescimento dos serviços e comércio — que tiveram os maiores incrementos."

Para o economista autônomo Marcel Pereira, há dois pontos principais para explicar a queda do nível da renda. "O primeiro é a perda de capacidade das empresas de pagarem salários maiores em vista de dois anos extremamente atípicos", afirmou. "O segundo é a necessidade de as pessoas ocuparem o quanto antes uma vaga no mercado de trabalho, após um longo período de forte desemprego, fazendo com que elas aceitem propostas piores do que nas condições pré pandemia", completou.

Segundo o IBGE, o nível de ocupação, percentual de pessoas ocupadas na população em idade de trabalhar, foi estimado em 55,1%, um aumento de 1,7 ponto percentual frente ao trimestre anterior.

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