CORREIO TALKS

A importância da agricultura familiar será tema de debate no Correio

O evento Correio Talks poderá ser acompanhado, no dia 9, por meio das redes sociais do Correio Braziliense.

Tainá Andrade
postado em 06/02/2022 06:00
Rodrigo Agostinho:
Rodrigo Agostinho: "O grande problema que a gente precisa vencer é a desigualdade social" - (crédito: Marina Ramos/Câmara dos Deputados)

O estudo do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), que será promovido no evento Correio Talks — Sistemas Alimentares e Desenvolvimento Sustentável, em 9 de fevereiro, às 15h30, apontou que a agricultura familiar é responsável pela maior parte dos estabelecimentos agropecuários — 77%, ou 3,9 milhões — e pela maioria da empregabilidade rural, o que representa 67% da população ocupada. Esse contingente de pessoas é responsável por 60 a 70% da produção de alimentos para o mercado interno no Brasil.

Porém, apesar do alto abastecimento que a agricultura familiar desempenha, a área ocupada para esse tipo de produção corresponde a apenas 23% do país, o que indica uma alta concentração fundiária, de acordo com o Censo Agro de 2019. Convidado do evento realizado pelo Correio em parceria com o Idec, deputado federal Rodrigo Agostinho (PSB-SP), ex-coordenador da frente parlamentar ambientalista no Congresso, lembrou que enquanto o sistema familiar enfrenta diversas dificuldades para se manter, a agricultura em larga escala e mecanizada tem como principal interesse o mercado internacional, o que desequilibra a produção para os próprios brasileiros e cria diversos problemas sociais, como a insegurança alimentar. Esse termo é usado para designar quando há uma indisponibilidade de acesso das pessoas aos alimentos.

"O grande problema que a gente precisa vencer na agricultura familiar é o da distribuição, da desigualdade social, da extrema pobreza, porque se a gente conseguir vencer a agricultura familiar estará disposta a produzir a comida que falta hoje para alimentar todos os brasileiros. Acho que isso é muito claro", declarou o parlamentar.

Ainda de acordo com ele, hoje, o cenário está assim porque, do ponto de vista histórico, houve um desenho exploratório na formação do país. E em um segundo momento, o Brasil, em função das boas condições agrícolas, se beneficia economicamente com o modelo de produção de alimentos para exportar. "O Brasil virou um dos maiores países agrícolas do mundo e esses produtos, a maior parte, são exportados pra atender o crescimento da população no mundo. A agricultura é uma grande indústria, mas ela por si só não resolve o problema de segurança alimentar dos brasileiros", contestou.

No entanto, de acordo com o Censo Agro 2019, são cerca de 10,1 milhões de pessoas que vivem da renda da agricultura familiar e, hoje, se encontram desamparadas pelas políticas governamentais para exercer a atividade em sua totalidade. Agostinho ressaltou que a agricultura familiar é capaz de produzir alimentos em quantidade e com qualidade para os brasileiros, mas, para isso, "precisa de estratégias e políticas públicas que sejam capazes de fazer com que isso de fato aconteça".

O evento Correio Talks poderá ser acompanhado, no dia 9, por meio das redes sociais do Correio Braziliense.

 

10,1 milhões

Quantidade de pessoas quevivem da renda da agricultura familiar, segundo o Censo Agro 2019

 


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