Conjuntura

Preço do gás sobe 50% em dois anos

O preço médio do produto saltou de R$ 69,74, em janeiro de 2020, para R$ 102,32 em dezembro de 2021

Maria Eduarda Cardim
postado em 11/02/2022 06:00 / atualizado em 11/02/2022 06:19
 (crédito: Minervino Júnior/CB/D.A Press - 14/6/21 )
(crédito: Minervino Júnior/CB/D.A Press - 14/6/21 )

O preparo das refeições tem pressionado o bolso dos brasileiros. Isso porque, além das dificuldades financeiras encontradas na hora da compra de alimentos, o consumidor enfrenta também, desde 2020, aumento do preço do Gás Liquefeito de Petróleo (GLP), mais conhecido como gás de cozinha. O botijão de gás de 13 kg teve uma alta aproximada de 50% em dois anos. O preço médio do produto saltou de R$ 69,74, em janeiro de 2020, para R$ 102,32 em dezembro de 2021, de acordo com uma análise baseada em dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).

O preço pago pelos consumidores é composto pelo custo de produção e ganho da Petrobras, por tributos estaduais e federais e a margem cobrada para distribuição e revenda do botijão. Só a parcela da Petrobras, que responde pela maior parte do custo do produto, sofreu um aumento de 83% em dois anos. O presidente do Sindigás, Sérgio Bandeira de Mello, explica que, assim como outros produtos, o gás é uma commodity e está sujeito a variações de preço.

"A dinâmica de preço do gás tem um comportamento muito parecido como de qualquer outra commodity", explica Bandeira. Segundo ele, entre os fatores responsáveis pelo aumento de preço visto desde junho de 2020 está o preço do barril do petróleo, que é um dos indicadores de formação de preço do GLP. Além disso, as margens de comercialização, distribuição e revenda têm um custo grande e também sofreram incrementos devido a diversos motivos. Um deles é o aumento da gasolina.

Logística

"Para entregar esse produto existe uma logística complexa já que o entregamos na porta da casa dos consumidores. O custo da gasolina impactou muito na revenda e distribuição do gás", explicou. A dona de casa aposentada Silvana Fátima Andrade, 63 anos, afirma que a compra do botijão de gás se tornou ainda mais pesada para o bolso já que outros incrementos nas contas foram observados durante o mesmo período.

Para tentar economizar ao máximo o uso do produto, ela precisou recorrer às dicas dadas na internet, que vão desde a manutenção do fogão até o uso da panela de pressão. "Com as dicas, meu gás, que durava um mês e 10 dias, agora passou a durar dois meses", conta. Apesar do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), divulgado nesta semana, apontar uma queda de 0,73% do gás de botijão em janeiro, analistas indicam que o preço do produto se manterá com viés de alta pelo menos até o final do inverno no Hemisfério Norte.

"Tem uma expectativa e desejo do setor de que os preços arrefeçam, mas o que os analistas apontam para a gente é que, até o fim do inverno no hemisfério norte, o preço do gás ainda esteja sob pressão de aumento", explica o presidente do Sindigás. Isso acontece porque a variação de preço das commodities energéticas, como gás natural, tem forte relação com o clima devido à participação de equipamentos de calefação no consumo de energia em muitos países desse hemisfério.

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