SETOR EXTERNO

Ingresso de investimento estrangeiro fica acima das expectativas em janeiro

Conforme dados do BC, a entrada de Investimento Direto no País (IDP) somou US$ 4,7 bilhões, superando a projeção do órgão, de US$ 3,2 bilhões

Rosana Hessel
postado em 23/02/2022 14:46 / atualizado em 23/02/2022 14:46
 (crédito: Marcello Casal Jr/Agência Brasil)
(crédito: Marcello Casal Jr/Agência Brasil)

O Investimento Direto no País (IDP), indicador da entrada de capital estrangeiro de longo prazo do Banco Central, registrou ingressos líquidos de US$ 4,7 bilhões em janeiro, conforme dados divulgados pelo BC nesta quarta-feira (23/2), na nota de contas externas da autoridade monetária.

O saldo do indicador de entrada do investimento estrangeiro superou as estimativas do Banco Central para o mês, de US$ 3,2 bilhões, e ficou 34,3% acima dos ingressos registrados no mesmo intervalo de 2021, de US$ 3,5 bilhões.

O chefe do Departamento de Estatísticas do Banco Central, Fernando Rocha, explicou que em dezembro houve um grande volume de remessas de lucro ao exterior pelas empresas acima do registrado, de US$ 10,2 bilhões, mas que esse mesmo movimento não foi observado em janeiro, porque as companhias costumam fechar os balanços no fim do ano.

“A surpresa do IDP se refere, basicamente, a dois componentes, ao aumento nos lucros reinvestidos e no nível de remessas de dezembro que não ocorreram”, afirmou. Conforme os dados da autoridade monetária, o volume de lucro reinvestido no país em janeiro passou de 1,6 bilhão para 2,8 bilhões entre 2021 e 2022. “Houve uma saída muito grande em dezembro, e, em janeiro, as remessas ficaram abaixo de US$ 1 bilhão”, acrescentou.

No acumulado dos 12 meses até janeiro deste ano, o volume de ingressos do IDP somou US$ 47,7 bilhões, o que representa 2,94% do Produto Interno Bruto (PIB) e mostra aumento em relação aos US$ 38,4 bilhões, o equivalente a 2,70% do PIB.

Trajetória 

O técnico do BC adiantou que a trajetória de crescimento do fluxo do IDP continua em fevereiro. Com base nos dados preliminares, a previsão é de ingressos líquidos em torno de US$ 10 bilhões. Rocha contou que, até 18 de fevereiro, o fluxo de entrada neste mês foi de US$ 8,9 bilhões. “Se essa previsão for concretizada, no acumulado em 12 meses, o fluxo de IDP cresceria novamente e passaria para US$ 48 bilhões no final de fevereiro”, disse.

Conforme os dados da autarquia, em 2020, devido às turbulências provocadas pela pandemia da covid-19, os ingressos de investimentos estrangeiros no país encolheram 45%, para US$ 37,8 bilhões. No ano passado, cresceu 22,7% para US$ 45,4 bilhões. A estimativa do BC para o IDP acumulado em 2022 é de um saldo de US$ 55 bilhões, ainda abaixo do patamar de US$ 69,2 bilhões contabilizados em dezembro de 2019.

Os investimentos em carteira no mercado doméstico registram entradas líquidas de US$ 5,7 bilhões em janeiro de 2022, dos quais US$ 2,2 bilhões em ações e fundos de investimento e US$ 3,5 bilhões em títulos de dívida. Nos 12 meses encerrados em janeiro de 2022, os investimentos em carteira no mercado doméstico somaram ingressos líquidos de US$ 25 bilhões.

Em relação ao comércio de criptomoedas, Rocha destacou que o BC contabiliza apenas os dados em que os residentes adquirem esses ativos no exterior. Uma negociação entre o investidor residente e a corretora instalada no país não entra nessa contabilidade. Em janeiro deste ano, houve aumento de 10% no volume de importação dessa moeda virtual na comparação com dezembro de 2021, somando US$ 524 milhões. Contudo, esse dado está abaixo do valor registrado em novembro, de US$ 594 milhões.

Deficit em conta corrente

Conforme os dados do Banco Central, as transações correntes do balanço de pagamentos registraram deficit de US$ 8,1 bilhões em janeiro de 2022, ante US$ 8,3 bilhões em janeiro de 2021. No acumulado em 12 meses até o mês passado, o deficit em conta corrente do país com o resto do mundo foi de US$ 27,7 bilhões, o equivalente a 1,71% do PIB. 

Para fevereiro, com base nos dados preliminares, a estimativa do BC é de um deficit de US$ 2,6 bilhões em transações correntes, segundo Rocha. “Se esse número se mostrar correto, teríamos, no acumulado em 12 meses, uma ligeira redução do deficit, para US$ 26,4 bilhões”, adiantou.

Na comparação interanual, houve redução de US$1,1 bilhão no deficit da balança comercial, parcialmente compensado pelas elevações nos deficits em serviços, US$ 507 milhões, e em renda primária, US$ 392 milhões, segundo a autoridade monetária. 

De acordo com os dados da autarquia, em janeiro deste ano, a balança comercial de bens registrou deficit de US$ 1,5 bilhão, abaixo do saldo negativo de US$ 2,6 bilhões no mesmo mês de 2021. As exportações de bens totalizaram US$ 19,8 bilhões e as importações, US$ 21,3 bilhões, com altas de 31,3% e de 20,4%, respectivamente, em comparação a janeiro de 2021.

A autoridade ressaltou que as importações no âmbito do Repetro, regime que vem passando pelo processo de regularização, somaram US$ 41 milhões no mês passado. Enquanto isso, em janeiro de 2021, esse dado foi de US$ 1,7 bilhão. O deficit na conta de serviços somou US$ 1,5 bilhão, salto de 51,2% em relação a janeiro de 2021.



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