Desemprego

Crise de desemprego pode ser prolongada até 2024, aponta OIT

Segundo a Organização Internacional do Trabalho, a evolução do nível de atividade econômica ao longo de 2021 não foi suficiente para que voltasse ao patamar de emprego em que estava antes da pandemia

A pandemia do covid-19 já está perto de fazer dois anos, mas a retomada econômica continua insuficiente depois de 2021. As perspectivas para 2022 permanecem com baixo crescimento para a economia. Segundo novo relatório sobre a situação do emprego da Organização Internacional do Trabalho (OIT), divulgado nessa segunda-feira (31/1), as incertezas em relação a novas variantes podem prolongar a crise do mercado de trabalho na América Latina e Caribe até 2024.

Em 2021, a evolução do nível de atividade econômica não foi suficiente para que a região voltasse ao patamar de emprego em que estava antes da pandemia. Conforme o levantamento da OIT, foram perdidos cerca de 49,1 milhões de postos de trabalho na região entre 2019 e 2020, e ainda faltam recuperar 4,5 milhões de empregos, a maior parte para mulheres.

O diretor da OIT para a América Latina e Caribe, Vinícius Pinheiro, alerta que uma crise de emprego muito longa é preocupante porque ao gerar desânimo e frustração, há repercussão na estabilidade social: "O panorama laboral é incerto. A persistência dos contágios da pandemia e a perspectiva de um crescimento econômico medíocre este ano podem prolongar a crise do emprego até 2023 ou 2024", aponta.

Esse freio na recuperação econômica, a aceleração da inflação e menor espaço fiscal são as ameaças à retomada do mercado de trabalho e elevação da renda. A OIT cita dados da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal) para justificar esse cenário. As projeções apontam que ao final de 2022 mais da metade dos países da região terá um PIB inferior ao de 2019.

O baixo crescimento fará com que a taxa de desemprego tenha uma ligeira redução. Com isso, a tendência é de que o número de horas trabalhadas em 2022 siga abaixo do registrado em 2019 e que haja concentração na geração de empregos informais.

O relatório reforça que não será uma tarefa fácil. "O desafio perene para as economias da América Latina e do Caribe é superar uma situação estruturalmente caracterizada pela estagnação e pela desigualdade. Este desafio deve enfrentar a dupla dificuldade implicada por um espaço fiscal reduzido e altos níveis de endividamento", diz.

O levantamento ainda alerta que para isso, é fundamental implementar políticas produtivas e trabalhistas que permitam gerar empregos de qualidade. “Sua inadequação gera frustração na população e mina a coesão e os próprios fundamentos dos sistemas democráticos", alerta.

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