Agro sobe e indústria cai

Correio Braziliense
postado em 05/03/2022 00:01

A construção do Produto Interno Bruto de 2021 apresentou resultados distintos em dois setores: Agropecuária e Indústria. Se o primeiro deu grande participação no resultado positivo, o segundo decepcionou.

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o agronegócio deu uma disparada porque acabou a safra do café e do milho, cujas estimativas eram negativas. Isso acabou puxando o resultado do trimestre para cima em relação ao anterior.

No caso da indústria, o recuo deveu-se à queda nas indústrias de transformação (-2,5%), principalmente na atividade de bens de consumo duráveis. As indústrias extrativas ficaram com -2,4% e Eletricidade e Gás, Água, Esgoto, e Atividades de Gestão de Resíduos também recuaram com -0,2%. O único resultado positivo foi na Construção, com 1,5%.

Segundo Henrique Costa, do InverGroup, a questão da Indústria não acompanhar o restante dos setores tem vários motivos. "Temos uma carga tributária muito grande no Brasil. Temos uma legislação muito pro-funcionário (a favor do trabalhador). Isso vem mudando e flexibilizando durante o tempo, mas ainda não é o suficiente", observou.

Costa observou que "muitas indústrias não estão conseguindo atender às demandas de mercado por falta de matéria-prima. Isso foi um dos grandes motivos de incertezas, além da covid-19 e das relações geopolíticas".

Retomada irregular

As diferenças entre o desempenho da Agropecuária e da Indústria mostram que a recuperação da economia brasileira ocorreu de forma heterogênea. Os dois setores saíram na frente, mas perderam fôlego depois, enquanto o de Serviços, o mais afetado pelas restrições ao contato social, demorou mais para reagir. O último trimestre do ano passado terminou com a economia puxada pela alta de 0,5% nos serviços, no lado da oferta, e pelo avanço de 0,7% no consumo das famílias, no lado da demanda.

Conforme a coordenadora de Contas Nacionais do IBGE, Rebeca Palis, as restrições sanitárias ainda pesam sobre o consumo, embora também seja afetado pela inflação elevada e pelo aumento dos juros, diante do aperto da política monetária pelo Banco Central (BC).

Para a economista Alessandra Ribeiro, da Tendências Consultoria, a queda no dólar ajudaria a aliviar a inflação ao longo deste ano e permitiria ao BC ser mais comedido no aumento dos juros. (FS e Agência Estado)

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