O principal motor do crescimento do Produto Interno Bruto, o consumo das famílias, não recuperou os patamares pré-pandemia. Pior: está perdendo força na composição do PIB, voltando para o menor nível desde 2012, em grande parte devido à inflação que reduziu o poder de compra do consumidor — de acordo com dados do IBGE.
Apesar de crescer 3,6% em 2021, o indicador desacelerou no quarto trimestre de 2021, na comparação com os três meses anteriores, passando de 1% para 0,7%. Os números do PIB mostram que o consumo das famílias ficou 1,3% abaixo do nível do último trimestre de 2019. Além disso, a participação desse item no PIB, entre 2020 e 2021, encolheu de 62,9% para 61% — menor percentual desde os 61,4% contabilizados em 2012.
Vacinação
De acordo com o IBGE, os 3,6% foram influenciados pelo avanço da vacinação, que contribuiu para a reabertura do comércio e garantiu maior mobilidade para os brasileiros. Os programas de apoio do governo e o crescimento nominal de 18% no saldo de operações de crédito também contribuíram.
"Houve uma recuperação da ocupação em 2021, mas a inflação alta afetou muito a capacidade de consumo das famílias. Tivemos também os programas assistenciais do governo. Ou seja, fatores positivos e negativos impactaram o resultado", afirmou a coordenadora de Contas Nacionais do IBGE, Rebeca Palis.
Roberto Padovani, economista-chefe do Banco BV, avaliou que o dado do PIB foi positivo, principalmente porque a taxa do quarto trimestre, de alta de 0,5% em relação aos três meses anteriores, acabou acima do 0,1% esperado pelo mercado. "A leitura é que a vacinação e a abertura contribuíram para o crescimento dos serviços, mas indústria e consumo das famílias sofreram com a inflação e os juros elevados", disse.
Silvia Matos, coordenadora do Boletim Macro do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre), destacou que o consumo das famílias tem potencial de crescimento neste ano, pois o setor de serviços prestados às pessoas ainda está muito abaixo do patamar pré-pandemia. Contudo, prevê um crescimento fraco, mesmo sem considerar os impactos da guerra da Ucrânia e da disparada dos preços das commodities na inflação, que pode chegar a 7%.
"O carregamento estatístico para o consumo das famílias para 2022 é de 1,1%. Se nossa projeção de alta de 0,6% do PIB, neste ano, for confirmada, o crescimento desse indicador será menor que o efeito contábil do PIB de 2021, de 0,8%", explicou. (RH)
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