No dia em que a Petrobras anunciou um reajuste nos preços acima do esperado, o Índice Bovespa (Ibovespa), principal indicador da Bolsa de Valores de São Paulo (B3), acompanhou a frustração com a falta de avanço nas negociações para o cessar-fogo na Ucrânia. O pregão encerrou no vermelho ontem, apesar de uma certa empolgação de investidores com a estatal.
A B3 recuou 0,21% e fechou a 113.663 pontos, mas analistas passaram a fazer revisões para cima nas perspectivas de inflação, superior a 7% para o fim do ano, e fizeram alerta para o problema do impacto de alta generalizada nas commodities, dependendo da duração da guerra na Ucrânia.
As ações ordinárias da Petrobras subiram 2,8% e as preferenciais, 3,5%, ontem, mas, pelas estimativas de analistas, a defasagem de preços ainda continua elevada. Azevedo Guizzo, economista da Terra Investimentos, disse que, apesar dos percentuais de reajuste impressionarem, eles ainda deixam os preços praticados pela Petrobrás no mercado doméstico para gasolina e diesel respectivamente 18% e 9% abaixo de seus custos de importação".
Pelos cálculos do economista André Braz, do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV), apenas o impacto dos reajustes da Petrobras nas refinarias de 24,9%, no diesel; de 18,7%, na gasolina; e de 16%, no gás de cozinha, devem provocar um impacto de 0,75 ponto percentual no Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que devem fazer com que a inflação oficial acelere em março e em abril, em vez de desacelerar, como era esperado.
"Vamos ter duas acelerações da inflação em meses que esperávamos desaceleração" alertou Braz. Mas, segundo o especialista, esse é o efeito direto no custo de vida. Ele lembrou que há outros impactos, indiretos, como o aumento do frete dos produtos comercializados e da passagem de ônibus para grande parte da população. Além disso, há uma forte pressão nos preços dos grãos, como milho, soja e trigo, que encarece os alimentos", ressaltou. O economista elevou de 6,2% para 7,5% a previsão para a alta do IPCA deste ano.
Gustavo Cruz, estrategista da RB Investimentos, comentou a expectativa do mercado com a aprovação dos projetos de lei no Senado Federal que podem reduzir um pouco o impacto do tarifaço da Petrobras. "Dependendo das medidas que forem adotadas e do tamanho do impacto fiscal, principalmente, com o fundo de estabilização, têm um risco de virar uma herança para governos futuros, apesar de o texto limitar para 2022", destacou. (RH)
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