EMPREENDEDORISMO

Agenda ESG é um dos grandes desafios para as empresas brasileiras

Especialista ressalta, em webinar do Correio, a importância de implementar economia de baixo carbono

Deborah Hana CardosoMichelle Portela
postado em 24/03/2022 00:01 / atualizado em 24/03/2022 12:05
 (crédito:  Ed Alves/CB)
(crédito: Ed Alves/CB)

A transição para uma economia de baixo carbono é um dos principais desafios da agenda ESG que se apresentam para o Brasil. Mais do que cumprir compromissos internacionais na preservação do meio ambiente, como ocorrido na COP26, a adoção de práticas sustentáveis constitui uma ação estratégica para que o Brasil tenha melhor inserção na economia globalizada.

Esse foi um dos pontos abordados no webinar Agenda ESG: uma revolução nos negócios e na sociedade, realizado ontem pelo Correio Braziliense, com patrocínio da KPMG. O encontro, com uma hora de duração, teve um painel apresentado pela sócia-líder da KPMG, Nelmara Arbex, e contou com a participação do jornalista Carlos Alexandre de Souza, editor de Política e Economia do jornal.

Em sua apresentação, Arbex contou que o tema ESG (Ambiental, social e governança, na sigla em inglês) começou a ganhar notoriedade — ainda que não tivesse esse nome — no final dos anos 1940, a partir da Declaração Universal dos Direitos Humanos. Segundo ela, "a sociedade, governos e empresas entenderam que era preciso um bem-estar para a humanidade" após a tragédia da Segunda Guerra Mundial.

Oficialmente, o termo ESG foi cunhado em 2004 em uma publicação do Banco Mundial em parceria com o Pacto Global da Organização das Nações Unidas (ONU) e instituições financeiras de nove países. O documento Who Cares Wins estabeleceu as bases do investimento sustentável, hoje encarado como urgente.

A executiva da KPMG ressaltou que, em 2022, um braço importante na Agenda ESG é a aplicação de investimentos para o desenvolvimento de uma economia de baixo carbono. Ela citou, por exemplo, que, até dezembro de 2021, mais de US$ 40 trilhões foram desinvestidos da indústria do petróleo, em um claro sinal de busca por fontes de energia menos poluentes.

Governos e empresas

Arbex sublinhou que a maior investidora privada internacional, a BlackRock, com cerca de US$ 10 trilhões de ativos sob sua responsabilidade, tem feito sua campanha por Wall Street. "Eles têm dito por meio de cartas a CEOs e presidentes de conselhos sobre a importância da transição para uma economia de baixo carbono, diversidade, inclusão e comportamento social alinhado ao político", disse. "O posicionamento da BlackRock não é por filantropia, mas para proteger seu capital investido", afirmou.

Ao comentar a situação do Brasil nesse contexto, Nelmara Arbex alertou para as emissões brasileiras provenientes da agricultura. "Isso pode tirar o Brasil de mercados importantes", afirmou. A especialista espera que o governo e o setor produtivo encontrem soluções que vão ao encontro das expectativas contemporâneas.

"No próximo ano esperamos a regulamentação do mercado internacional de carbono. O Brasil é apontado como o país que mais pode se beneficiar deste mercado", disse. "A agenda ambiental e social, estabilização de empregos, qualidade de vida e melhora para o agronegócio", completou a especialista.

Arbex explicou como o governo pode contribuir para a agenda ESG e seu desenvolvimento. "Por meio de regulamentações e mecanismos que possam premiar empresas que vão no sentido do ESG é excelente para atrair investidores", disse. "Então cabe aos governos estimular a concretização desta agenda. Criar ambientes como regulamentações e incentivos fiscais não só ambientais, mas causas sociais", comentou o jornalista.

O webinar promovido pelo Correio e pela KPMG também abordou outros pontos da agenda ESG, como a diversidade social. Nelmara Arbex lembrou a importância de se buscar a diversidade no conselho das empresas. Mencionou estudos que atestam melhores resultados financeiros e de inovação por empresas lideradas por mulheres.

Por fim, a especialista ressaltou que a agenda ESG "está em todo lugar" e não se limita à atuação de governos ou de grandes empresas. Segunda ela, um pequeno produtor ou o proprietário de um pequeno negócio podem seguir esses princípios e colher resultados positivos concretos — como acesso a linhas de crédito, conquista de novos clientes e reconhecimento da sociedade. "Os pequenos percebem as perguntas dos consumidores e reguladores sobre contratação de pessoal, por exemplo. Isso o faz repensar na próxima vez que precisar ampliar o quadro de funcionários", disse.

Nelmara Arbex é especialista na área de sustentabilidade, com mais de 20 anos de experiência nacional e internacional. Antes de colaborar com a KPMG, trabalhou em organizações como McKinsey, Instituto Ethos, Natura e Global Reporting Initiative.

A convidada do webinar é PhD em Física Teórica pela University of Marburg (Alemanha) e pós-graduada em Business and Sustainability pela University of Cambridge (Reino Unido).

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