Dólar continua em queda livre

Correio Braziliense
postado em 26/03/2022 00:01

O dólar voltou a fechar, ontem, em forte queda, rompendo o piso de R$ 4,80, após oito dias de quedas consecutivas. A divisa norte-americana encerrou o pregão com queda de 1,75% na comparação com a véspera, cotado a R$ 4,74 — menor valor desde 11 de março de 2020. Na semana, a perda acumulada foi de 5,35%, a maior desvalorização semanal desde a primeira semana de novembro de 2020, quando o recuo foi de 6%.

No ano, a moeda brasileira registrou valorização de 14,86% e se destacou entre as divisas emergentes que mais subiram em 2022. Contudo, essa alta não recuperou as perdas acumuladas com a chegada do novo coronavírus ao país.

Conforme levantamento feito pela RB Investimentos, o real está entre as cinco moedas emergentes que mais perderam valor desde fevereiro de 2020, com queda de 15,08%. Contudo, desde a pandemia, o real ainda está entre as cinco divisas que mais se desvalorizou, com 15,08% de perda acumulada desde fevereiro de 2020, conforme levantamento feito pela RB Investimentos. A lista é liderada pela lira turca, com 59,85% de perdas no mesmo período.

Juros e guerra

Segundo especialistas, os juros altos no Brasil e a guerra na Ucrânia — que contribuiu para a disparada dos preços das commodities —, têm contribuído para a valorização do real. Eles contam que o mercado brasileiro ficou atrativo para o capital especulativo. Não por acaso, o fluxo de entrada de dólares no país aumentou em busca do diferencial de juros dos títulos públicos e dos ativos de empresas exportadoras de commodities.

"Depois que começou a guerra na Ucrânia, aumentou a percepção dos gestores de que as commodities devem ficar com os preços mais altos por mais tempo. Então, eles foram atrás de países exportadores, como Brasil, África do Sul e Colômbia. Já de emergentes que importam muitas commodities, como Turquia e Índia, eles se afastaram", explicou o economista Gustavo Cruz, estrategista da RB Investimentos.

A economista e consultora financeira Catharina Sacerdote também reconhece que o Brasil acabou ficando mais atrativo para os investidores. "As empresas que exportam commodities listadas na Bolsa ganharam atenção do investidor estrangeiro. Sem contar que a Selic de dois dígitos também atrai esse investidor estrangeiro. É uma questão de demanda do dólar", disse. "É um dos juros mais vantajosos do mundo, compensa muito o risco de investir em um país como o Brasil", acrescentou.

O Índice Bovespa (Ibovespa), principal indicador da B3, registrou alta 0,02%, ontem, chegando a 119.081 pontos. Na semana, o avanço foi de 3,2%. (RH e FS)

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