Eleições

Na direção contrária à do BC

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Correio Braziliense
postado em 29/03/2022 00:01
 (crédito: Instagram/Reprodução)
(crédito: Instagram/Reprodução)

O mercado projetou, pela 11ª vez seguida, uma piora na inflação oficial medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) para este ano — subiu de 6,58% para 6,86%. Os dados são do Relatório de Mercado Focus, divulgado ontem pelo Banco Central, o que deixa claro o descolamento entre o mercado — que é consultado para a a elaboração do levantamento — e o que projeta a autoridade monetária. Tal resultado coloca em xeque, também, a proposta do presidente do BC, Roberto Campos Netto, de promover um último aumento na taxa básica de juros na próxima reunião do Copom — agendada para os dias 3 e 4 de maio.

De acordo com a economista Heloise Sanchez, da Equipe de Análise da Terra Investimentos, o levantamento do Focus mostra que, novamente em 2022, o Brasil tem tudo para ficar com a inflação fora da meta. Para ela, o cenário se mostra muito incerto.

"Principalmente com a alta recente dos combustíveis, que deve mostrar impactos na inflação, assim como toda a questão da guerra entre Rússia e Ucrânia, que também pode impactar esses dados internos", observou.

A mediana das projeções de inflação para 2023 subiu de 3,75% para 3,8%, apesar da meta de inflação em 3,25%. Bruno Komura, analista da Ouro Preto Investimentos, não acredita que a carestia dará alívio no curto prazo. "Talvez ela desacelere um pouco esse ritmo de subida. Mas, mesmo assim, deve continuar em patamares altos", analisa.

Conforme avalia, "para conseguir conter todos esses fatores que não são persistentes ou estruturais, terá que ter uma inflação com um nível mais alto, por um tempo mais curto".

A alta de 0,95% do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) — prévia da inflação oficial — nos 30 dias encerrados na primeira metade de março, mostrou que as pressões inflacionárias estão mais fortes do que o esperado pelo mercado. Isso fez com que os analistas revissem suas apostas para o índice de preços do mês para além de 1,2%. "Na teoria, a surpresa de curto prazo não deveria contaminar a inflação de 2023 e, muito menos, a de 2024", afirmou Komura.

Na semana passada, Roberto Campos Neto foi questionado sobre as razões pelas quais o mercado apostava em uma inflação corrente para março maior do que a variação de 1,02% estimada pela autoridade monetária. Afirmou que a pressão de curto prazo se devia a um repasse mais acelerado dos reajustes de combustíveis anunciados pela Petrobras.

Para o presidente do BC, a forte alta no curto prazo tenderia a ser compensada com inflação menor mais adiante. Porém, os dados do Focus mostraram que o mercado não fez essa projeção.

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