Eleições

Projeto para bancada forte

Pérsio Arida e Aloizio Mercadante trocam ideias para definir o embrião de um programa econômico condizente com Lula e Alckmin. Há ressalvas quanto ao resultado do diálogo

Fernanda Strickland
postado em 31/03/2022 00:01
 (crédito: Fonasefe/Divulgação)
(crédito: Fonasefe/Divulgação)

O presidente do PSD, Gilberto Kassab, está há meses em conversas públicas e de bastidores para a construção de uma candidatura própria à Presidência da República. Apostou no presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e chegou a lançar o mineiro com ar de JK. Não emplacou, até por falta de disposição do próprio parlamentar.

Depois veio o plano B: tentou atrair o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite. Mas o gaúcho não quis deixar o PSDB. Kassab, porém, não desistiu. Pensa em uma candidatura ao Palácio do Planalto, na terceira via, contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente Jair Bolsonaro (PL) com um nome dentro do PSD. Todas essas articulações, no entanto, têm um objetivo: Kassab quer mesmo um puxador de votos para eleger uma boa bancada no Congresso.

Um bom número de deputados significa poder, recursos dos fundos eleitoral e partidário, tempo de televisão para a próxima eleição e votos capazes de desequilibrar discussões no Congresso. É o poder pelo Legislativo. Antes da janela partidária, o PSD tinha 58 deputados federais e 11 senadores. O objetivo de Kassab é ampliar o poderio.

De passagem por Brasília, ontem, ele participou do ato de filiação de 102 novos integrantes do PSD. São apostas para deputados federais, como André Kubitschek Pereira, neto de JK e filho caçula do presidente regional do partido, Paulo Octavio, ou o ex-presidente da Câmara Legislativa Alírio Neto. No evento, Kassab surpreendeu ao lançar Paulo Octávio ao Senado. "Aceito o desafio", afirmou o empresário, que já foi deputado federal, senador e vice-governador pelo DF.

Plano C

Se não conseguir lançar um plano C, Kassab, segundo interlocutores, pode liberar o PSD nos estados a escolher o candidato ao governo e à Presidência que melhor se adeque ao plano de sucesso eleitoral para a eleição de bancadas. Mas não é o que Kassab quer.

Ele apostou com otimismo em Pacheco. Chegou a levá-lo para conversar com representantes do empresariado, analistas políticos e banqueiros amigos. Mas o presidente do Senado nunca adotou o perfil de presidenciável com agressividade para assumir o espaço da terceira via.

Segundo interlocutores de Kassab, ele não vai desistir de buscar um nome para enfrentar Lula, Bolsonaro e os demais pré-candidatos — como Ciro Gomes (PDT), Simone Tebet (MDB), Sérgio Moro (Podemos), João Doria (PSDB) e Luiz Felipe D'Ávila (Novo). Mas essa missão está cada vez mais difícil.

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