Revisão salarial

Funcionalismo corre contra o tempo para garantir reajuste salarial

Por ser ano de eleição, categorias estão com tempo contado para garantir aumento. Agora pedem, no mínimo, correção da inflação, mas concessão deve ser feita até abril

Entre uma manifestação e outra, servidores públicos federais admitem possibilidade de mudar as estratégias para garantir, ao menos, a recomposição da inflação nos salários. O motivo do reposicionamento se deve às peculiaridades da legislação em ano eleitoral: o governo tem apenas até abril para conceder reajustes.

Os colaboradores do Estado cumprem, desde o início do ano, agenda diária de mobilizações para pressionar o Executivo a reajustar os salários em 19,99%. A correção almejada corresponde à recomposição da inflação acumulada no governo de Jair Bolsonaro. O movimento começou após o presidente indicar vontade de conceder aumento para categorias específicas, como os policiais federais, ainda neste ano. Recentemente, Bolsonaro declarou que se não houver "entendimento" das demais categorias de servidores públicos federais, fica para o próximo ano o reajuste prometido aos servidores da segurança pública.

Com paralisações diárias, os funcionários do Banco Central seguem de braços cruzados como forma de pressão, segundo o Sindicato Nacional dos Funcionários do Banco Central (Sinal). O grupo cumpre agenda de paralisações que impacta no monitoramento do sistema de pagamentos.

Caso até o próximo dia 22 não seja marcada uma reunião com o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, a categoria já tem agendada uma assembleia geral. Segundo o presidente do Sinal, Fábio Faiad, os servidores buscam solução própria, com reajuste salarial de 26,3% e a reestruturação da carreira de analistas.

"Até o momento, a posição do governo é de não dar o reajuste para ninguém. Agora, cada categoria vai discutir a realização de greves ou uma greve geral por tempo indeterminado", afirmou Faiad.

Já o Fórum Nacional Permanente de Carreiras Típicas de Estado (Fonacate) vislumbra outra estratégia. "Estamos trabalhando, no contexto da Advocacia-Geral da União (AGU), na elaboração de medida provisória de reestruturação da carreira, com consequente avaliação de reajustes salariais", disse o presidente da entidade, Rudnei Marques.

"Nossa carreira está bastante mobilizada e em vias de iniciar paralisações no Tesouro Nacional e na Controladoria-Geral da União (CGU). A pressão deve se intensificar. O problema é que não há mais tempo para concessão de reajuste geral. Então, a saída vai ser brigar por recomposições pontuais para cada carreira", explicou.

Para Marques, o governo poderia conceder o reajuste priorizando destinação orçamentária. "Bastaria o governo usar metade do orçamento secreto para recompor as perdas salariais do funcionalismo", finalizou.

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Agenda

Outras mobilizações específicas das diferentes categorias estão sendo organizadas pelo Sindicato Nacional dos Auditores e Técnicos Federais de Finanças e Controle (Unacon Sindical), que agrega servidores do Tesouro Nacional e Controladoria-Geral da União (CGU) e pelo Fórum das Entidades Nacionais dos Servidores Públicos Federais (Fonasefe). Os servidores aguardam a posição do governo federal até o final do mês de março.