Aéreas: queixas a Guedes

Correio Braziliense
postado em 12/04/2022 00:01

A ação de garimpeiros é um dos motivos do aumento dos conflitos no campo e das mortes por causa desses embates. As informações prévias da 36ª edição do relatório Conflitos no Campo Brasil 2021, da Comissão Pastoral da Terra (CPT), apontam que esses óbitos tiveram um aumento de 1.100% em 2021 em comparação com 2020.

Os dados do Centro de Documentação da CPT registraram, em 2021, 109 mortes em decorrência dos confrontos, o que aponta uma subida expressiva quando se compara com 2020, no qual apenas nove óbitos foram registrados. Em março, o Correio havia noticiado a disparada de mortes em 2021 em consequência de conflitos. Agora, com os dados consolidados, é possível notar a maior violência no campo em diversas áreas.

O relatório, que será lançado na íntegra em 18 de abril, aponta que foram registrados 35 assassinatos em confrontos no campo em 2021. "Desse total, 11 assassinatos, praticamente um terço, foram no estado de Rondônia, onde ocorreu, também, um massacre no mês de agosto, com três vítimas", informa a publicação.

Ao comparar o número de assassinatos com o mesmo período de 2020, é possível observar um aumento de 75%, já que no ano retrasado foram registrados 20 homicídios. Outros tipos de violência, como o trabalho escravo, também cresceram em 2021. "O número de resgatados dessa prática mais que dobrou no campo no último ano. Os casos aumentaram 76%", indica o relatório.

As principais vítimas da violência no campo são os indígenas, quilombolas e demais povos tradicionais, além dos trabalhadores rurais. O cacique Jurandir Siridiwê Xavante, que representa nove territórios do povo xavante, acredita que a falta de demarcação das terras, por exemplo, é um dos motivos que incentiva essa violência.

"Quando o presidente Jair Bolsonaro fala que não vai demarcar mais nenhum centímetro do nosso território, isso incentiva as invasões. No momento que ele diz isso, dá empoderamento aos megalatifundiários. Esse empoderamento para nós é um perigo", alerta.

Cenário

Ele avisa que os xavantes não foram atacados, mas, caso sejam, revidarão. "Por enquanto, não levamos nenhum tiro. Mas se a gente levar, a gente vai dar também. Não somos aleijados, a gente tem mão", avisa. Para especialistas, o cenário pode ficar ainda pior com os projetos de lei que tramitam na Câmara dos Deputados e permitem retrocessos ambientais.

O avanço das matérias no Congresso, no entanto, esbarra com a atenção dada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) ao tema no mês de abril. A Corte julga sete ações que fazem parte do chamado Pacote Verde, que reúne sete ações contra decisões ou omissões do governo sobre licenciamento ambiental, fundos de proteção e desmatamento da Amazônia. (CN e MEC)

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