Petrobras: R$ 101 bi em dividendos

A Assembleia Geral Ordinária (AGO) dos acionistas da Petrobras aprovou, ontem, o balanço da empresa de 2021 e o pagamento, aos acionistas, de R$ 101 bilhões em dividendos, o equivalente a 95% do lucro de R$ 106,7 bilhões do ano passado. Iniciada às 15h, a reunião avançou pela noite e, até o fechamento desta edição, ainda não tinha aprovado todos os integrantes do novo Conselho de Administração.

Dos 11 membros do colegiado, oito são indicados pela União, três pelos acionistas e um é eleito pelos funcionários. O governo federal indicou o químico José Mauro Ferreira Coelho, para presidir a companhia, cujo nome foi previamente recomendado pelo Comitê de Pessoas da estatal como membro do Conselho e foi aprovado.

Além de Coelho, havia outros sete nomes indicados pela União para compor o colegiado em mandatos de até dois anos. Entre eles, o do engenheiro Márcio Weber, que já é membro e foi indicado pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) para presidir o conselho. A eleição do novo presidente da Petrobras ficou marcada para a tarde de hoje.

De acordo com fontes que acompanhavam a assembleia virtualmente, a votação dos conselheiros chegou a ser interrompida por 40 minutos para refazer contas sobre o número de votos necessários para eleger conselheiros.

Na pauta extensa da reunião, um dos itens propunha a mudança no estatuto social da companhia, em meio às pressões de trabalhadores, mas foi retirado da pauta pelo Ministério de Minas e Energia (MME). A proposta previa a ampliação do poder dos acionistas minoritários no conselho.

Políticas sociais

Na avaliação do coordenador-geral da Federação Única dos Petroleiros (FUP), Deyvid Bacelar, a modificação também passaria a permitir que as políticas da empresa na área de responsabilidade social fossem fixadas pelo Conselho de Administração. "Essa mudança iria tirar o direito da União, que é acionista majoritário, de estabelecer políticas da Petrobras que visem o interesse do povo brasileiro. A Petrobras é uma empresa pública e não tinha como não deixar de cumprir um dever constitucional, que é atender também o interesse público e não apenas o dos acionistas, que têm um caráter mais rentista e visam o lucro acima de tudo. Infelizmente, a sociedade está sangrando muito, 19 milhões de pessoas passando fome e cozinhando a lenha, enquanto alguns milhares de acionistas vão receber R$ 101 bilhões de dividendos", criticou Bacelar.