Impacto entre os mais pobres

Correio Braziliense
postado em 12/05/2022 00:01

A inflação oficial está alta, mas o indicador do custo de vida das famílias mais pobres mostra que a alta de preços está sendo mais cruel no bolso das famílias mais pobres. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) acumulou alta de 12,47% em 12 meses até abril, quando avançou 1,04%, conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Essa taxa acumulada do INPC, que mede a inflação para as famílias com renda de até cinco salários mínimos, é superior à registrada pelo IPCA — que monitora o custo de vida de famílias com renda mensal acima de cinco pisos salariais —, de 12,13% até o mês passado. "A inflação está generalizada, mas as famílias mais pobres sentem mais esse impacto, porque houve uma alta mais forte nos preços dos alimentos e um peso importante no INPC é a alimentação", explicou André Braz, coordenador do Índice de Preços ao Consumidor do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre). "Não foram apenas os alimentos in natura que tiveram altas de preços. Carnes, derivados de trigo, também registraram fortes aumentos de preços", destacou.

Conforme dados do IBGE, oito dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados tiveram alta em abril. A maior variação, de 2,06%, foi decorrente de Alimentos e bebidas e, na sequência, com alta de 1,91%, os Transportes, por conta dos reajustes dos combustíveis. Esses dois grupos contribuíram com 80% da alta do IPCA de abril.

Não à toa, a cada mês que passa, o consumidor busca ofertas cada vez mais distante de casa. É o caso da professora Rose Carvalho, 46 anos, moradora da Asa Norte. Ela prefere fazer compras no Cruzeiro para abastecer a dispensa, devido ao preço alto dos alimentos no Plano Piloto. "Aqui (no Cruzeiro) eu faço mais compras de verduras e essas coisas que subiram forte (no preço), que não faço mais lá na 316, porque Asa Norte e Asa Sul são extremamente caras e então você acaba vindo para o Cruzeiro, ou para Taguatinga, para fazer compras", disse a professora.

Além de tentar economizar nas compras do supermercado, muitos brasileiros buscam alternativas para contornar os preços dos combustíveis. Na semana passada, a média nacional do preço do litro de gasolina era de R$ 7,29, mas é difícil encontrar postos da capital federal com o combustível abaixo de R$ 7,50 atualmente. Diante disso, o vigilante Carlos Henrique, 42, procura abastecer o carro aos poucos. "Perdi as contas de quantas vezes abasteci este mês. Todo dia eu coloco de R$ 30 a R$ 50 no tanque", disse. (RH e Raphael Pati, estagiário sob a supervisão de Carlos Alexandre de Souza)

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