Enquanto os servidores se mobilizam com greves e protestos, reivindicando reajustes acima de 20% para compensar as perdas durante o congelamento na pandemia da covid-19, o ministro da Economia, Paulo Guedes, reforçou que o governo só consegue conceder 5% de aumento linear e avisou ao funcionalismo para esquecer da correção pela inflação, porque "o mundo inteiro perdeu" durante a pandemia da covid-19. E, segundo o ministro, não é possível haver aumento diferenciado para policiais.
"A essência da política é essa, decidir o Orçamento", afirmou Guedes, ontem, a jornalistas em Davos, na Suíça, onde participa do Fórum Econômico Mundial. O custo de um reajuste linear de 5% para os servidores de todos os Poderes, será de quase R$ 8 bilhões neste ano, sendo que R$ 6,3 bilhões apenas para os funcionários do Executivo de julho a dezembro.
O Orçamento deste ano não tem espaço para o reajuste. Na semana passada, o governo contingenciou um total de R$ 9,9 bilhões para acomodar aumento do volume de subsídios agrícolas e de despesas inesperadas com precatórios de menor valor (RPVs) no teto de gastos.
A especialista em contas públicas Juliana Damasceno, da Tendências Consultoria, lembrou que o espaço para o reajuste precisa ser aberto por meio de mais cortes ou de remanejamentos nas despesas discricionárias (não obrigatórias). "Somando a pressão desses 5% aos recursos do Plano Safra, porque taxas de juros maiores exigem mais gasto do governo para fazer equalização, e novas surpresas, como as do RPVs deste bimestre, a conta não fecha", alertou.
De acordo com o ministro, o presidente Jair Bolsonaro (PL) não conseguirá conceder aumento diferenciado aos policiais, como vinha sinalizando à categoria. "Você pode até dar alguma coisa, mas esquece o que ficou para trás. Você acha que na Alemanha, nos Estados Unidos... Perdas acontecem. Todo mundo perdeu no mundo inteiro", disse o ministro. "É por lei. Em ano eleitoral, você só pode dar até a inflação e linear. O presidente gostaria de dar aumento aos policiais, mas não pode, é visto como aliciamento", frisou.
Notícias pelo celular
Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.
Dê a sua opinião
O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.