Globalização em xeque

Relatório divulgado ontem pelo Fórum Econômico Mundial, que ocorre em Davos, na Suíça, aponta para o risco de escalada da inflação mundial e retrocesso na globalização da economia, com o aumento de medidas protecionistas. Assinado por economistas-chefes dos 24 maiores bancos do mundo, o documento coloca o conflito entre Rússia e Ucrânia no centro das preocupações, por seus efeitos negativos na inflação e no crescimento global.

O relatório prevê o crescimento do protecionismo nos próximos anos. É esperada maior fragmentação das cadeias de bens (79%), tecnologia (65%) e no mercado de trabalho (54%). Apenas nos serviços a expectativa de desintegração não é majoritária (46%).

Alerta semelhante foi feito pelo Fundo Monetário Internacional (FMI). Para a instituição, a economia global "enfrenta talvez seu maior teste desde a Segunda Guerra". A invasão da Ucrânia, preços elevados de alimentos e energia e de pressão sobre famílias pelo mundo leva muitos países e companhias a reavaliar suas cadeias de produção global. Há risco de "fragmentação geoeconômica", adverte texto publicado no blog do FMI, assinado pela diretora-gerente da instituição, Kristalina Georgieva, Gita Gopinath, primeira vice-diretora-gerente, e Ceyla Pazarbasioglu, diretora do Departamento de Estratégia, Política e Revisão.