conjuntura

Mercado aumenta expectativa de inflação

Fernana Strickland
postado em 07/06/2022 00:01

O Banco Central (BC) divulgou, ontem, a atualização parcial das expectativas de mercado, apuradas de acordo com a Pesquisa Focus, para 3 de junho de 2022. Segundo o levantamento, a estimativa para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), indicador oficial da inflação, subiu para 8,89% em 2022, uma alta de 1 ponto percentual em relação ao levantamento de 2 de maio. Para 2023, a previsão foi para 4,39%, aumento de 0,29 ponto.

A projeção das mais de 100 instituições financeiras consultadas pelo BC para o resultado do IPCA de 2022 está muito acima da meta fixada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), que é de 3,5%, com tolerância de 1,5 ponto percentual, ou seja, a meta será cumprida se o índice ficar entre 2% a 5%. Para 2023, a projeção do mercado é de 4,39%, o que se aproxima do teto da meta de inflação — indicando uma desancoragem das expectativas. A meta para o próximo ano é de 3,25%, também com tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos.

Segundo o Boletim Focus, o mercado acredita que o Produto Interno Bruto (PIB) terá aumento de 1,20% em 2022. A cotação prevista do dólar foi para R$ 5,05 no final de 2022 e de 2023, vindo de R$ 5,00 e R$ 5,04, respectivamente. Já a previsão para Selic ficou em 13,25% para o fim de 2022.

PIB mais fraco

Para o economista e sociólogo Vinicius do Carmo, os dados não são animadores. "Um aumento na expectativa de inflação de mais 1 ponto é uma indicação de que o crescimento do PIB no ano que vem pode enfraquecer ainda mais", explicou. "O que é mais importante de destacar é que, na consulta, o IPCA aferido é bem superior ao projetado pela meta. A meta é de 3,5%, com uma banda superior de mais 1,5%, totalizando 5% ao ano, mas o mercado, aferido pelo Focus, aponta para uma expectativa de mais de 8%."

Para 2023, Vinicius do Carmo comentou que a projeção dos bancos já se aproxima da banda superior da meta. "Isso demonstra uma desancoragem das expectativas do mercado, isto é, aumento da desconfiança com relação aos parâmetros adotados pela política do BC."

Bruno Hora, co-fundador da Invest Smart, tem uma visão um pouco mais otimista sobre a inflação. "O Boletim Focus claramente sinalizou que a inflação caminha para ser controlada e que o juros vai seguir o mesmo caminho. Com a inflação diminuindo, não vemos necessidade de novo aperto monetário. A gente vê os juros voltando a cair do final desse ano para o ano que vem", disse.

No entanto, ele também vê a economia mais enfraquecida em 2023. "O boletim sinaliza que os efeitos desse período de juros e inflação altos vão ser sentidos em 2023, período em que o PIB deve crescer muito devagar. Então, vamos ver um pouco de aperto econômico, quase como se fosse uma recessão para 2023, devido à política monetária que fomos obrigado a fazer este ano" apontou.

Notícias pelo celular

Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.


Dê a sua opinião

O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.

Tags