Privatização

Guedes: "O Brasil é a maior fronteira de investimentos aberta hoje"

Em evento para investidores, ministro volta a defender privatizações de estatal e admitiu que elas não avançaram por "falta de apoio"

Rosana Hessel
postado em 14/06/2022 12:27 / atualizado em 14/06/2022 17:56
 (crédito:  Ed Alves/CB)
(crédito: Ed Alves/CB)

O ministro da Economia, Paulo Guedes, vê o Brasil como a “maior fronteira de investimentos aberta” no atual momento de turbulências externas, capaz de atrair o capital estrangeiro pela posição estratégica para a transição energética e a segurança alimentar e garantir o país na trajetória do “caminho da prosperidade”. Em evento para investidores, ele ainda admitiu que as privatizações não ocorreram de forma acelerada por “falta de apoio”.

“O Brasil é a maior fronteira de investimento aberta no momento em que o mundo está em turbulência”, disse Guedes, nesta terça-feira (14/6), no primeiro dia da 5ª edição do Fórum de Investimentos Brasil 2022 (BIF, na sigla em inglês), em São Paulo, em referência ao cenário de escalada da inflação global em meio à guerra da Ucrânia e o fim da arbitragem da mão de obra global prevista pelo ex-presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) Alan Greenspan, antes mesmo da pandemia da covid-19 e do conflito no Leste Europeu. Segundo ele, o quadro não é nada animador para as economias desenvolvidas, “que deverão voltar a ter inflação e juros de dois dígitos”.

“Começa a haver um reposicionamento e o Brasil virou, agora, um porto seguro para os investimentos, primeiro, porque é perto da Europa e dos Estados Unidos. Não adianta ter a produção de manufaturados em Taiwan e ter um grande fornecedor de energia próximo da Europa, como a Rússia. Tem que ser uma democracia amigável. E o Brasil é a próxima fronteira de investimento que satisfaz esses dois critérios”, afirmou.

Economia de mercado

Na avaliação do ministro, o atual governo fez o diagnóstico de que o Brasil gastava muito e mal e, agora, está em plena transição de uma economia “dirigista intervencionista e estatizada” para uma economia de mercado. Na abertura do evento, ao comentar sobre a aprovação do projeto de lei complementar que impõe um teto de 17% do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), o ministro defendeu a medida afirmando que, aliada à redução dos impostos federais, deverá garantir “uma margem de folga para dar uma gordura para os aumentos de preços (dos combustíveis)”. Ele ainda descartou a ideia de congelamento de preços, afirmando que é o “fantasma de tolices feitas no passado”.

O ministro reforçou a defesa das privatizações de estatais, mas admitiu que não conseguiu avançar no ritmo esperado no atual governo, a fim de atacar diretamente o problema do excesso de endividamento. “Não tivemos apoio para uma desestatização acelerada”, lamentou. “Até o meu secretário de desestatização (Salim Mattar), deixou o governo, porque não conseguia vender (as estatais)”, disse. A saída, lembrou o ministro, foi a venda de R$ 250 bilhões de subsidiárias e participações da União em empresas públicas e privadas.

Vale lembrar que, quando assumiu o governo, Guedes prometeu arrecadar R$ 1 trilhão com privatizações, mas a única grande desestatização em curso é a da Eletrobras, que tem o processo de capitalização concluído nesta semana.

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