Para Paulo Guedes, o Brasil está "decolando de novo"

Rosana Hessel
postado em 15/06/2022 00:01
 (crédito: Alan Santos/PR)
(crédito: Alan Santos/PR)

Apesar da disparada do dólar e dos riscos fiscais apontados por economistas do mercado financeiro, o ministro da Economia, Paulo Guedes, aproveitou um evento em São Paulo, voltado para investidores, para retomar o discurso otimista de que o Brasil está "decolando de novo", na contramão do resto do mundo.

"Temos três choques colossais botando pressão no mundo. A reconfiguração das cadeias produtivas é a parte ruim da crise. A inflação vai subir no mundo e vai ter recessão e pressão nos sistemas políticos", afirmou Guedes, durante a abertura da 5ª edição do Fórum de Investimentos Brasil (BIF).

A inflação global é resultado da forte expansão fiscal adotada pela maioria dos países para reduzir os efeitos recessivos da pandemia da covid-19, pela interrupção das cadeias produtivas e, mais recentemente, pela alta dos preços das commodities decorrente da invasão da Ucrânia pela Rússia.

Na avaliação do ministro, a recessão vai atingir as economias desenvolvidas, como Estados Unidos e Europa, que ainda estão no início do processo de aperto monetário para segurar a inflação. Segundo ele, as economias globais estavam tentando um pouso suave da pandemia, mas a guerra na Ucrânia acabou provocando um "hard landing". "Vai voar pedaço para todo lado, e já vai dar errado", apostou Guedes, ao lado do presidente Jair Bolsonaro (PL), que também participou da abertura do BIF. Já o Brasil, está "decolando de novo", por ter se adiantado no ajuste da política monetária em 2021, quando o Banco Central iniciou o aumento da taxa básica de juros (Selic).

PIB

Para o ministro, os economistas continuarão revisando para cima as previsões do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro. Guedes voltou a afirmar que existem R$ 800 bilhões de investimentos comprometidos para os próximos anos em infraestrutura, que ajudarão o país a retomar o crescimento.

Pelas novas projeções do mercado, o PIB brasileiro deverá crescer entre 1% e 1,5% neste ano, mas diante da escalada da inflação e dos juros, as previsões para 2023 estão piorando, ao contrário do que prevê Guedes. Algumas casas de análise apostam até em queda do PIB no ano que vem, especialmente porque as medidas fiscais que estão sendo adotadas agora, como o corte de impostos para reduzir o preço dos combustíveis, deverão resultar em mais inflação no ano que vem. "O Brasil deve decolar ladeira abaixo", disse um economista do mercado financeiro após ouvir a fala de Guedes.

Entretanto, o otimismo do ministro voltou com força. "O Brasil é a maior fronteira de investimento hoje", garantiu Guedes. Ele disse que os marcos regulatórios permitem "uma retomada gradual da volta do capital estrangeiro", porque o país também está em processo de abertura comercial, reduzindo os impostos de importação. "Ao contrário dos outros países, estamos abrindo a fronteira, mas com todo o cuidado. Somos liberais, mas não somos trouxas", disse.

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