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Ações da Eletrobras já têm demanda de R$ 15 bilhões

Propostas de compra encaminhadas por grandes investidores ultrapassam em 50% os R$ 35 bilhões que o governo calculava movimentar com a operação. Período de reserva dos papéis começou ontem e vai até a próxima quarta-feira

As ações da Eletrobras já possuem demanda suficiente para garantir a privatização da estatal, de acordo com comunicado enviado pela empresa à Comissão de Valores Mobiliários (CVM). A previsão do governo é de que a operação deve movimentar R$ 35 bilhões, mas as ofertas apresentadas por grandes investidores já estariam cerca de 50% acima desse valor.

Somente 10 fundos de investimento que apoiam a operação devem investir cerca de R$ 15 bilhões em ações da companhia. Poderão ainda se candidatar aos papéis investidores de varejo e trabalhadores com saldo no Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). O período de reservas de ações começou ontem e vai até a próxima quarta-feira.

No total, 54 instituições financeiras estão envolvidas no lançamento das ações da Eletrobras. Os coordenadores da oferta são BTG Pactual (líder), Bank of America, Goldman Sachs, Itaú BBA, XP, Bradesco BBI, Caixa, Citi, Credit Suisse, JPMorgan, Morgan Stanley e Safra.

Ontem, as ações ordinárias (que dão direto a voto) da companhia fecharam em baixa de 3,16% na Bolsa de Valores de São Paulo, cotadas a R$ 41,96. O preço final das ações na oferta pública será definido na quinta-feira.

No processo de venda dos papéis ao setor privado, a participação da União no capital da empresa será reduzida a menos de 50%. A fatia que hoje pertence ao governo, somando União e BNDES, será reduzida dos atuais 60% para cerca de 33%.

A Eletrobras é a maior empresa de energia elétrica da América Latina. No Brasil, é responsável por um terço da capacidade instalada de geração e por metade das linhas de transmissão em alta tensão.

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FGTS

Para o investidor pessoa física, um dos principais atrativos da operação é a possibilidade de usar recursos do FGTS para adquirir ações da empresa. Isso será feito por intermédio de fundos mútuos de privatização (FPMs), instrumento criado pelo governo nos anos 2000 para vender ações da Vale e da Petrobras. O Tribunal de Contas da União (TCU) estabeleceu o teto de R$ 6 bilhões para a compra de ações com recursos do FGTS.

Desde que foram lançados, os fundos de ações da Vale e os da Petrobras têm mostrado resultados bem mais atrativos do que o rendimento do FGTS.

De acordo com informações da Caixa, uma das instituições que administram FMPs, o Fundo FMP Vale rendeu 2.901,27% desde a data de lançamento, em 28 de março de 2002 e 30 de maio último. O ganho superou em mais de 21 vezes o rendimento do FGTS, que é de apenas 3% ao ano mais a Taxa Referencial (TR) e, no período, acumulou variação de 133,62%.

Já o FMP Petrobras da Caixa rendeu 1.305,58% entre 18 de agosto de 2000 (data de lançamento) até 30 de maio passado — oito vezes o rendimento do FGTS, de 153,41% no mesmo intervalo de tempo.

A Caixa destacou que "rentabilidade passada não é, de forma alguma, garantia de rentabilidade futura". "É sempre importante ter isso muito claro para os investidores", diz nota da instituição. O prazo de reserva das ações começou ontem. O banco estatal, que é responsável pela gestão do FGTS, informou ainda que somente após a conclusão da oferta pública, na próxima quarta-feira, poderá informar a quantidade de trabalhadores que autorizaram a aplicação de recursos do FGTS nas ações da Eletrobras.