conjuntura

Importação cara reduz superavit

Saldo da balança comercial cai para US$ 8,8 bilhões em junho. Gasto com compras externas tem crescimento de 34%

Rafaela Gonçalves
postado em 02/07/2022 00:01
 (crédito: Suape/Divulgação)
(crédito: Suape/Divulgação)

A alta de preços de produtos importados reduziu o superavit da balança comercial brasileira. Em junho, o saldo positivo entre exportações e importações foi de US$ 8,8 bilhões, com queda de 15,4% em relação ao registrado no mesmo mês do ano passado. Apesar do recuo, de acordo com o balanço da Secretaria de Comércio Exterior do Ministério da Economia, o resultado foi o segundo maior para o mês de junho da série histórica, iniciada em 1989, ficando atrás somente de junho de 2021.

No mês passado, as exportações somaram US$ 32,7 bilhões, superando o valor das importações, que acumularam US$ 23,9 bilhões. O preço médio das mercadorias exportadas aumentou 14,6%, favorecido pela valorização das commodities. No entanto, no caso das importações a alta foi de 34,6%, puxada, principalmente, por adubos, fertilizantes e petróleo, itens que ficaram mais caros após o início da invasão da Ucrânia pela Rússia.

"A guerra na Ucrânia tem um fator comercial positivo, porque o Brasil é exportador de commodities, que subiram devido ao conflito. Em compensação, nós também temos que importar, sobretudo manufaturados, e isso acaba pesando. Mas é bom que as importações cresçam também, é sinal que o país está comprando bens de capital, isso é investimento para gerar desenvolvimento doméstico", avaliou o economista César Bergo, sócio diretor da OpenInvest.

Em relação ao desempenho por setor, o aumento nos preços internacionais pesou mais no setor agropecuário. O volume de mercadorias embarcadas caiu 4,5% em junho, na comparação com o mesmo período do ano anterior, enquanto o preço médio subiu 36,2%.

As exportações da indústria de transformação foram responsáveis pela maior parte do montante de exportações, registrando alta de 38,5% em junho contra o mesmo mês de 2021. As vendas da indústria extrativa, por sua vez, recuaram 24,3% no período.

No acumulado do primeiro semestre, a balança comercial teve superavit de US$ 34,2 bilhões, uma queda de 8,2% contra o mesmo período do ano passado. O resultado é fruto de US$ 164,1 bilhões em exportações ( 19,5%) e US$ 129,8 bilhões em importações ( 29,8%).

Foi revisada para baixo a projeção para o resultado da balança no encerramento de 2022, com um salto nas importações. O saldo comercial do ano, de acordo com a nova estimativa, deve ficar positivo em US$ 81,5 bilhões, ante projeção de US$ 111,6 bilhões feita em abril. Segundo o subsecretário de Inteligência e Estatísticas de Comércio Exterior do Ministério da Economia, Herlon Brandão, a queda na projeção foi causada principalmente pela alta nos preços de fertilizantes e dos combustíveis, que dependem de fornecimento externo.

"A revisão é consequência de uma despesa maior por conta de preços crescentes, em razão do conflito entre Rússia e Ucrânia e de todas as disrupções que observamos nas cadeias de suprimentos", afirmou Brandão.

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