PESQUISA

Número de famílias endividadas no país recua pela 2ª vez consecutiva

Segundo Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), houve queda no percentual de endividados brasileiros. Inadimplência também diminuiu

Isadora Albernaz*
postado em 07/07/2022 16:41 / atualizado em 07/07/2022 16:46
 (crédito: Caio Gomez)
(crédito: Caio Gomez)

O número de famílias brasileiras endividadas reduziu pelo segundo mês consecutivo, segundo nova Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic). O estudo foi divulgado nesta quinta-feira (7/7) pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) e apontou um recuo de 0,1 ponto no percentual de endividados, número que representa 77,3% dos lares no país.

Em relação a junho do ano passado, a proporção de endividados aumentou 7,6 pontos percentuais, a menor em nove meses. No mesmo período, o total de pessoas endividadas no Brasil era de 69,7%.

A melhora nos índices foi liderada pelas mulheres, grupo em que as dívidas caíram 0,7 ponto de maio para junho. Entretanto, o público feminino continua a ser aquele com mais contas pendentes, com proporção de 80,1%. Entre os homens, 76,5% estão endividados, um aumento de 0,3 ponto no último mês. O aumento é expressivo, no entanto, se comparado a junho de 2021, quando esses números eram de 69,6% e 70,2%, respectivamente.

Rendimentos

A Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic) analisou a população brasileira em duas faixas de renda: de até 10 salários mínimos ou mais de 10. Entre as famílias com maior rendimento, a queda mensal do endividamento foi superior, com - 0,2 p.p. Apesar disso, a desaceleração da proporção de endividados em junho foi semelhante em ambas classificações.

De acordo com a CNC, o cartão de crédito continuou a ser o maior responsável pelas dívidas entre os brasileiros. Entre as diversas modalidades de endividamentos analisadas pelo estudo – cheque pré-datado, cartão de crédito, cheque especial, carnê de loja, crédito consignado, empréstimo pessoal, prestação de carro e de casa –, 86,6% das famílias devem em decorrência de compras feitas com o cartão de crédito. Apesar disso, no último mês, esse número sofreu uma redução de -1,9 p.p.

As estatísticas também mostram que 88,5% dos devedores com esse tipo de dívida são pessoas com até 35 anos e que, após 11 meses em alta, houve queda das dívidas feitas com o cartão entre as famílias com renda superior a 10 salários mínimos.

Segundo a pesquisa, “a evolução positiva do mercado de trabalho com menos restrições impostas pela pandemia, em conjunto às medidas temporárias de suporte à renda (saques extraordinários no FGTS, antecipações de 13º salário INSS e maior valor do Auxílio Brasil), mostra efeitos na redução dos gastos no cartão”.

Depois do cartão de crédito, os carnês e o financiamento do carro são os principais tipos de dívida, representando 18,3% e 10,8% dos endividamentos, respectivamente. Em relação às outras modalidades de dívida, crédito pessoal (8,8%), financiamento de casa (8%), cheque especial (5,7%), crédito consignado (5,5%), cheque pré-datado (0,8%) e outros (1,8%).

Inadimplência

A inadimplência no Brasil referente ao último mês também diminuiu, de acordo com a CNC. Durante o período analisado, 28,5% dos lares brasileiros tinham contas e/ou dívidas atrasadas. Além disso, 10,6% das famílias afirmaram não ter condições de pagar os débitos, o menor número desde fevereiro deste ano.

Foi a primeira queda no indicador desde setembro de 2021, com redução de - 0,2 p.p. Em maio, o percentual de inadimplentes nas mesmas situações descritas era de 25,7% e 10,8%, respectivamente.

O estudo também revela uma maior inadimplência entre aqueles que não possuem alto nível de escolaridade, uma vez que a maioria (33,4%) das pessoas que atrasaram dívidas ou têm contas pendentes não chegou a concluir o ensino médio. Segundo a CNC, existem dois fatores que podem explicar essa estatística: o fato de o rendimento médio achatado pela alta inflação dificultar a organização financeira das famílias brasileiras, e o crescimento da informalidade no mercado de trabalho aumentar a volatilidade da renda do trabalho e atrapalhar a gestão das finanças pessoais.

A Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic) é utilizada pelos setores do comércio de bens, serviços e turismo, que utilizam o crédito como ferramenta estratégica, como uma forma de acompanhar o perfil de endividamento do consumidor.

* Estagiária sob a supervisão de Mariana Niederauer

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