Mercados

Bolsa despenca abaixo dos 96 mil pontos com aversão ao risco global

Já o dólar opera em alta por ser considerado um ativo seguro pelos investidores. Por volta das 13h30, a moeda norte-americana subia 0,64%, negociada a R$ 5,44

Rosana Hessel
Rafaela Gonçalves
postado em 14/07/2022 14:40 / atualizado em 14/07/2022 14:49
 (crédito: NELSON ALMEIDA)
(crédito: NELSON ALMEIDA)

A onda de aversão ao risco global fez com o que o Índice Bovespa (IBovespa), principal índice da Bolsa de Valores de São Paulo (B3), ampliasse perdas ficando abaixo dos 96 mil pontos, em um dos menores níveis desde novembro de 2020. Ainda pela manhã, por volta das 10h40, após a abertura das bolsas dos Estados Unidos, o índice recuava 2,11%, aos 95.814 pontos.

Com a escalada da inflação, os investidores temem a possibilidade de aperto monetário ainda mais intenso pelo Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos), o que afetou as moedas do mundo todo e fez o euro ficar abaixo da paridade com o dólar.

Em Nova York, o Dow Jones caía 1,99%, o S&P 500,  recuava 1,90% e o Nasdaq, encolhia 1,67%. Já o dólar opera em alta, por ser considerado um ativo seguro pelos investidores. Por volta das 13h30, a moeda norte-americana subia 0,64% frente ao real e era negociada a R$ 5,44.

Os dados do Índice de Preços ao Consumidor (CPI, na sigla inglês) dos EUA, divulgados ontem, indicando alta de 9,1% em 12 meses até junho -- a maior desde novembro de 1981 -- fizeram disparar as apostas de que o Fed precisará acelerar ainda mais seu ritmo de alta de juros para combater a pressão dos preços no país, e, com isso, pelas projeções dos analistas, uma recessão não está descartada.

Hoje, pela manhã, foi divulgado o Índice de Preços ao Produtor (PPI), que mede a mudança nos preços recebidos por produtores nacionais dos EUA, avançou 1,1% em junho na comparação mensal, enquanto o consenso era de alta de 0,8%. Já os pedidos de seguro-desemprego somaram 244 mil na semana passada.

No cenário doméstico, o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) teve recuo de 0,11% em maio na comparação dessazonalizada com abril. Por outro lado, o Ministério da Economia revisou para cima a previsão de crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) em 2022, de 1,5% em maio para 2,0% agora. Já a estimativa de IPCA, que mede a inflação, caiu de 7,9% para 7,2% neste ano, mas a previsão para 2023 subiu de 3,6% para 4,5%.

A aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) nº1/2022, a PEC Kamikaze ou Eleitoreira, também tem deixado o mercado ressabiado, mesmo com o ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmando que o fiscal continua robusto e não haverá "impacto líquido" da PEC que acabou fazendo mais um "puxadinho" no teto de gastos. 

Analistas não veem o mesmo cenário positivo que Guedes vê e as projeções de crescimento do país no ano que vem estão bem abaixo dos 2,5% previstos pelo Ministério da Economia. Até o bancão norte-americano, Goldman Sachs, fez alertas sobre os riscos fiscais contratados pelo governo com medidas eleitoreiras.

Para Gustavo Cruz, estrategista da RB Investimentos, a certeza é que essa âncora fiscal, que foi destruída com a PEC dos Precatórios, não vai mais resistir. "A regra vai cair no ano que vem, independentemente de quem ganhe as eleições", afirmou. 

 

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