Diante da forte elevação dos preços do diesel nos últimos meses, o Correio procurou especialistas em busca de informações que possam ajudar os caminhoneiros a enfrentar o aumento dos custos da atividade de transporte rodoviário de carga.
A manutenção constante do veículo pode fazer o caminhoneiro gastar menos. De acordo com o economista e conselheiro do Corecon-DF César Bergo, como não foi apenas o diesel que subiu, mas todos os derivados de petróleo, tomar cuidados como a calibragem de pneus pode ser uma boa alternativa para economizar. "A manutenção periódica, como troca de óleo e revisões, pode evitar o desgaste excessivo de peças mais caras. Então, a manutenção preventiva ajuda bastante na economia", afirma.
Outro ponto importante é o planejamento das viagens. "Muitas vezes, o caminhoneiro é contratado para levar carga a uma localidade, mas, por não ter calculado direito todas as etapas da logística, não tem como voltar. Então, é preciso ter um bom planejamento para evitar gastos excessivos", explica Bergo. "É importante somar todas as despesas, desde as parcelas do financiamento do veículo, os gastos com manutenção, a troca de óleo, o desgaste dos pneus, saber quantos serão os quilômetros rodados, para poder analisar se vale a pena aceitar o frete ou não."
Segundo o economista, com os preços em mãos, o caminhoneiro pode negociar melhor o preço do frete para não ter prejuízo. "Se for necessário, ele deve fazer uma planilha para se organizar durante o ano. Assim poderá analisar, na ponta do lápis, quais foram seus lucros", ressalta Bergo.
Dentro desse planejamento, é bom que o caminhoneiro avalie qual é a melhor forma de trabalhar, se através de um de uma cooperativa — entidade que atuam regionalmente em defesa da categoria e realiza todo o trabalho de base, além de dar suporte e direcionamento para execução de ações identificadas em campo —, ou como autônomo. "O importante é avaliar as vantagens e desvantagens com relação ao risco de liquidez, verificando se realmente os recursos que a atividade proporciona para ele serão suficientes para a sua manutenção", diz Bergo.
Gestão
A composição veicular é o instrumento de trabalho do caminhoneiro. Para o mestre em economia aplicada pela USP José Valdemir Muenchen, a gestão desse instrumento evita muitas dores de cabeça. "É importante manter o caminhão em perfeitas condições de trabalho, com manutenções preventivas e regulares. Se prestar atenção nos pequenos detalhes, vai evitar grandes problemas. Caminhão parado significa trabalho parado e nada de receber a renda."
"Além disso, é preciso colocar todos os valores na ponta do lápis, calcular os custos, as sobras e os lucros de cada viagem. Ao negociar o pagamento das despesas e custos, é bom fazer sempre uma pesquisa de mercado", aconselha Muenchen. "Em relação aos custos e lucros, é interessante considerar a possibilidade de fazer parte de uma cooperativa de transportadores, pois pode significar acesso a mais cargas, com diminuição de custos e, conseqüentemente, de aumento da renda", observa.
Outro ponto destacado pelo especialista em economia aplicada é a necessidade de se preocupar com a carga transportada. Muitos caminhoneiros dizem que, se não observarem o valor corretamente, acabam pagando para trabalhar. "O caminhão só vai proporcionar renda se rodar com carga. Outra dica é a gestão correta das cargas: num mercado cada vez mais competitivo, a definição de estratégias de trabalho é fundamental para a composição da renda."
"Pode-se avaliar a possibilidade de se especializar em alguns poucos tipos de carga — descobrir nichos de mercado tende a elevar o valor dos fretes. Ao sair para uma viagem, o profissional precisa ter estabelecido a estratégia e a carga para o seu retorno — nunca andar com seu caminhão vazio", orienta o especialista. "Um bom planejamento elimina os riscos maiores em relação à disponibilidade de cargas, bem como aos valores dos fretes", alerta.
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