Turismo

IBGE: 87,3% dos brasileiros não viajaram em 2021; R$485 bi de prejuízo

A pandemia impactou proporcionalmente mais as viagens internacionais, cuja participação foi reduzida de uma fatia de 3,8% no total de viagens em 2019 para 2% em 2020 e somente 0,7% no ano de 2021

Os brasileiros deixaram de fazer cerca de 15,9 milhões de viagens nos dois anos de pandemia de covid-19. O cálculo considera como parâmetro o número de viagens em 2019, 20,934 milhões, antes do choque provocado pela crise sanitária no País. No ano de 2020, esse total despencou a 13,578 milhões, descendo ainda mais em 2021, para 12,337 milhões.

Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) - Turismo 2020-2021, divulgados nesta quarta-feira, 6, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O número de viagens feitas em 2021 foi 41% menor que em 2019, ano pré-pandemia. A proporção de domicílios brasileiros em que algum morador viajou minguou de 21,8% em 2019 para 13,9% em 2020, recuando novamente em 2021 a apenas 12,7%. Em números absolutos, o total de lares com ao menos um viajante no ano desabou de 15,441 milhões em 2019 para 9,867 milhões em 2020, para apenas 9,093 milhões em 2021. Ou seja, ninguém viajou no ano passado em 87,3% das casas brasileiras.

"No Brasil, 2021 foi pior em relação ao turismo do que em 2020, aprofundou essa perda", observou Flávia Vinhaes, analista do IBGE.

O IBGE não calcula o quanto essa redução nas viagens significou para a economia do País, mas projeções da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) apontam para uma perda muito significativa. Dados publicados pela confederação em março apontavam para um prejuízo total de R$ 485,1 bilhões para o setor de março de 2020 a janeiro deste ano.

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Viagens internacionais

A pandemia impactou proporcionalmente mais as viagens internacionais, cuja participação foi reduzida de uma fatia de 3,8% no total de viagens em 2019 para 2% em 2020 e somente 0,7% no ano de 2021. "A gente imagina que isso seja atribuído às restrições sanitárias, suspensão de voos, fechamento de várias cidades. É possível que esse indicador retrate bastante as consequências da crise sanitária nas viagens internacionais", disse Vinhaes.

A finalidade da viagem, se pessoal ou profissional, oscilou em patamares semelhantes ao longo dos últimos três anos, encerrando 2021 com 85,4% delas particulares e 14,6% profissionais.

Falta de dinheiro

A falta de dinheiro ainda é o principal motivo para a ausência de viagens, mencionado por um terço (33,3%) dos domicílios em 2020 e 30,5% dos lares em 2021. No entanto, em 2019, a falta de recursos financeiros era apontada por quase metade das casas, exatos 49,2%, para justificar ninguém ter viajado naquele ano.

"Realmente nós observamos um deslocamento de domicílios para a classe de rendimentos mais baixa. Isso a gente viu também na pesquisa de rendimentos do IBGE", disse Vinhaes. "Mas esse motivo (falta de dinheiro) não foi mais atribuído que em 2019 para não realizar viagem. Então, a preocupação com a covid foi uma preocupação que superou a questão financeira para não realizar viagem", completou.

A pandemia figurou como uma razão em si para a ausência de viagens nos últimos dois anos, contabilizada na opção "Outro motivo", que ganhou a adesão de cerca de um quinto dos domicílios como justificativa para não haver viajantes em casa em 2020 (19,0% os lares sem viagens) e 2021 (20,9% desses domicílios sem viagens).

"Aqui vale sublinhar que a categoria 'Outro' ficou superdimensionada por causas relacionadas à crise sanitária como necessidade de afastamento social, impossibilidade de pegar voos ou mesmo por ter sido infectado pelo vírus no período investigado", informou o IBGE.

Outras justificativas apontadas para a ausência de viagens foram a falta de necessidade de viajar (mencionada por 19,2% dos lares sem viagens em 2020 e 20,8% em 2021); falta de tempo (9,6% em 2020 e 8,3% em 2021); falta de interesse (8,2% em 2020 e 7,6% em 2021); não ser prioridade (7,9% em 2020 e 8,9% em 2021); e problemas de saúde (2,8% em 2020 e 3,0% em 2021).

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