Guedes: juro impede crescimento maior

Correio Braziliense
postado em 04/08/2022 00:01
 (crédito:  Ronaldo Silva/Futura Press)
(crédito: Ronaldo Silva/Futura Press)

O ministro da Economia, Paulo Guedes, voltou a comemorar as revisões para cima das expectativas de alta do Produto Interno Bruto (PIB) deste ano e afirmou que o país só não vai avançar mais do que os 2% projetado pelo governo por conta da alta dos juros, que travam o crescimento. "Quando simplifica e reduz impostos, a economia sai voando. A baleia estava arpoada e sangrando e agora está querendo se mexer. O PIB era para subir 4% neste ano, mas tem os juros e eles devem subir mais", disse ele, ontem, pouco antes de o Banco Central elevar a taxa básica da economia (Selic) de 13,25% para 13,75%.

A declaração foi dada em palestra no primeiro dia da feira Expert XP 2022, organizada pela XP Investimentos, em São Paulo. Durante a fala, de aproximadamente uma hora, o ministro foi bastante aplaudido pelo auditório lotado de "farialimers" — apelido dado aos profissionais do mercado financeiro da Faria Lima, famosa avenida da capital paulista.

Desde que assumiu o cargo, o ministro tem usado a analogia da baleia para comparar o país que o atual governo recebeu de seus antecessores. Ele evitou fazer críticas ao papel do Banco Central, que conquistou a autonomia operacional, por lei, em fevereiro do ano passado. "Esperamos dois anos e, quando a inflação subiu, aprovamos o BC independente", afirmou. "Mas eu não vejo e não falo. Cada um tem sua função", reforçou.

Ao comentar sobre o cenário de recessão global, com Estados Unidos, Europa e China em processo de desaceleração, ele voltou a afirmar que o Brasil está no início de um período de crescimento econômico e vai avançar acima das previsões atuais em 2023, em grande parte, devido à redução de tributos em curso e aos marcos regulatórios aprovados pelo atual governo, como o do saneamento, das falências, dos aeroportos, das ferrovias e do 5G, que garantem "R$ 890 bilhões já contratados em investimentos para os próximos 10 anos".

"O Brasil é uma nação gigante. Somos resilientes. A inflação está descendo, e, no resto do mundo, começando a subir, o desemprego aumentando e o crescimento (deste ano) revisto para baixo", disse. "O Brasil continua revendo as taxas de crescimento para cima. Abrimos 388 mil empresas no mês passado", disse.

IPI zerado

O ministro afirmou, ainda, que pretende dar continuidade à política de redução de tributos — não apenas sobre combustíveis — e prometeu zerar o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), mas não revelou a data. Sem citar valores, ele ainda antecipou novo crescimento na arrecadação federal em julho, de 9%, estabelecendo "um novo recorde". Ele reconheceu, porém, que boa parte das receitas são oriundas de dividendos de empresas estatais, como a Petrobras, que estão financiando os benefícios aprovados pela PEC Kamikaze, como ele chamava a Proposta que instituiu uma série de benefícios e aumento os gatos públicos em mais de R$ 41 bilhões neste ano. "Graças à nossa administração, as estatais, que costumavam dar prejuízo de R$ 40 bilhões, passaram a registrar lucro de R$ 188 bilhões por ano", comemorou.

Guedes voltou a criticar a falta de avanço da reforma tributária enviada pelo Executivo ao Congresso, e o fato de uma parte do projeto — que trata da correção da tabela do Imposto de Renda Pessoa Física (IRPF) e da taxação de dividendos —, estar parada no Senado Federal. Segundo ele, com a reforma seria possível financiar os R$ 60 bilhões necessários para pagar o Auxílio Brasil de R$ 600 reais no próximo ano. (RH)

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