Investimento permanece muito baixo

Victor Correia
postado em 05/08/2022 00:01
 (crédito: Minervino Júnior/CB/D.A.Press)
(crédito: Minervino Júnior/CB/D.A.Press)

Vários participantes do Correio Talks destacaram o movimento de recuperação no setor do comércio e turismo. Eles avaliam que os valores pré-pandêmicos serão retomados ainda em 2022, e se dizem surpresos com o desempenho das atividades turísticas mesmo com alta na inflação e nos juros no país. Mesmo assim, os especialistas entendem que é preciso melhorar o investimento financeiro na área e a criação de políticas públicas permanentes para o seu fomento, já que o turismo brasileiro ainda está aquém de seu potencial.

"O mundo todo está passando por um momento difícil, e isso tem que ser levado em consideração não apenas para a área do turismo, mas para a economia como um todo", avalia o diretor de Economia e Inovação da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), Guilherme Mercês. "O faturamento do setor igualou o mesmo patamar verificado antes da crise sanitária. A gente pode dizer que, hoje, o setor de turismo se recuperou daquele baque causado pela pandemia. E esse baque foi muito grande", observou Mercês.

A CNC estima que os estabelecimentos e serviços turísticos deixaram de arrecadar, entre 2020 e 2021, R$ 473,7 bilhões por causa das medidas de contenção e pela grande redução no número de viagens. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em abril de 2020 o setor sofreu o maior baque, com queda de 54,5% no faturamento em relação ao mês anterior. A avaliação mais recente mostra que o segmento operou em alta de 2,5% em abril deste ano, mas ainda 3,4% abaixo do patamar de fevereiro de 2020.

Os números positivos surpreendem analistas econômicos, especialmente em um contexto de inflação generalizada. A economista-chefe e head de Research do Banco Inter, Rafaela Vitória, afirmou que a demanda por viagens já supera a do período pré-pandemia, apesar da inflação de dois dígitos e o aperto monetário do Banco Central (BC) na taxa Selic.

"Isso mostra que existe um amadurecimento do mercado brasileiro para esse setor e perspectivas de, quando a gente tiver um alívio maior na taxa de juros daqui para a frente, a gente teve ver uma melhora (no turismo) também", apontou economista.

Orçamento

Apesar da boa recuperação, ainda é preciso investir mais no turismo brasileiro. Para o presidente da Embratur, Silvio Nascimento, o setor ainda é muito pouco explorado no país, apesar de ser responsável por 8% do PIB, atrás apenas do agronegócio, da mineração e da indústria automotiva.

"O nosso orçamento em 2019 era de apenas US$ 8 milhões para a promoção internacional dos destinos brasileiros. Enquanto isso, naquela época, nós concorríamos com a Argentina, que fazia um investimento de US$ 120 milhões", explicou. "É muito aquém do que nós precisamos. Hoje nós temos US$ 20 milhões. Ainda é muito pouco, mas temos essa quantia graças a uma parceria muito frutífera que nós fizemos com o Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas)", completou.

"É importante que a gente encare o turismo como política de Estado. Como ele gera renda, externalidade positiva para uma economia, para uma cidade, para um estado e para o país", concordou o economista-chefe da Mirae Asset Brasil, Julio Hegedus Netto. "O nosso problema é governança", assinalou.

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