CB.AGRO

Frutas vermelhas são aposta no DF

O fomento ao cultivo de frutas vermelhas é um dos vetores que vem sendo trabalhado para desenvolver a agricultura familiar no Distrito Federal e Entorno. A fruticultura local foi tema, ontem, do CB.Agro, programa realizado pelo Correio Braziliense em parceria com a TV Brasília, que entrevistou Luiz Curado, coordenador da Rota da Fruticultura da Região Integrada de Desenvolvimento do Distrito Federal e Entorno (Ride-DF) — uma iniciativa que tem como objetivo é aumentar a produção e o fornecimento de frutas para os mercados interno e externo, gerar emprego e renda na região, implantar novas culturas e incentivar o surgimento de novos produtores.

Curado destacou o potencial de geração de emprego em pequenas propriedades com o fomento à cultura de "berries", nome dado às frutas vermelhas no mercado internacional. "São grandes geradores de emprego no campo e em pequenas propriedades. Mapeamos a região e temos 27 mil pequenas propriedades, um pessoal desassistido, que não tinha uma atividade econômica específica, não tinha planejamento. Então, criamos esse projeto de criar o pólo de fruticultura na Ride-DF", explicou.

Estratégia

O projeto faz parte das Rotas de Integração Nacional, uma estratégia do Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR) para promover a inovação e incentivar as cadeias produtivas e o crescimento econômico. A Rota da Fruticultura da Ride-DF começou em 2019, com o estímulo ao cultivo de frutas vermelhas, jabuticaba e açaí. A área de atuação conta com 33 municípios, sendo 29 de Goiás e quatro de Minas Gerais, além do DF — uma área um pouco menor que a do estado de Pernambuco.

Para Curado, o incentivo ao plantio de frutas vermelhas é importante para a economia local, e já é exemplo de sucesso em outros países sul-americanos. "Acompanhamos a evolução do mirtilo no Peru, que, em cinco anos, saiu do nada para se transformar um dos grandes exportadores de frutas do mundo, com receita de mais de US$ 6 bilhões só em mirtilo. Então podemos seguir o caminho", comparou.

Além dos "berries" que circulam internacionalmente — mirtilo, amora preta, morango e framboesa —, a rede expandiu a produção com bens típicos nacionais. As adições foram jabuticaba e açaí. Uma das questões relacionadas à produção de açaí é a condição climática. O item é historicamente ligado ao Norte do país devido ao clima úmido propício ao açaí, contexto oposto à seca do cerrado.

Adaptação

Segundo Luiz Curado, a Embrapa Oriente, do Pará, desenvolveu uma variedade de açaí chamada Pai d'Égua, que é adaptada para o clima do Centro-Oeste e já está sendo plantada. "Claro que vai precisar de irrigação no período de seca, mas também teremos produtividade. Na pequena área, a gente não quer gerar renda, a gente quer riqueza, ou seja, não basta pagar as contas. Queremos que o dinheiro possa ser reinvestido, que os produtores possam educar seus filhos, investir na terra", afirmou.

"No Vale do São Francisco temos essa experiência. Uma propriedade de 80 hectares com carro de luxo na porta. O produtor colocou os três filhos na faculdade e chegou lá de bicicleta. Porque não fazemos isso aqui nessas 27 mil propriedades?", questionou Curado.

Ele ainda ressaltou que uma das soluções da Rota é melhorar o acesso às mudas para plantio. "O programa é muito amplo. Não pensamos só no plantio, fazemos mobilizações. Com base no planejamento, conseguimos as mudas por meio de um programa da Embrapa. Não é dado de graça. O produtor recebe três mudas de açaí para plantar e, quando colher, daqui a três anos, devolve duas. Além disso, tem toda a assistência técnica."

De acordo com Curado, para ter acesso aos auxílios da Rota, o produtor passa por um diagnóstico que apura quais são as necessidades dele. "A partir daí planejamos por onde começar", explicou. A primeira etapa da Rota consiste no mapeamento de toda a extensão produtiva a fim de conhecer o produtor, seu perfil, o que planta, qual volume e onde comercializa. A segunda etapa é responsável por planejar a produção voltada para consumo interno e externo, com qualidade e rentabilidade.

*Estagiário sob a supervisão

de Odail Figueiredo