Conjuntura

Regiões Sul e Centro-Oeste puxaram expansão do PIB

Entre abril e junho, o Sul foi a região que mais avançou, crescendo 2,8% na comparação com o trimestre anterior

Rafaela Gonçalves
postado em 03/09/2022 06:00
 (crédito: .)
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As regiões Sul e Centro-Oeste foram as que mais cresceram no segundo trimestre do ano, de acordo com o Índice de Atividade Econômica Regional (IBC-Br), monitorado pelo Banco Central (BC). Sobressaíram no período o comércio, a agricultura, a construção civil e os serviços às famílias. O índice, de publicação trimestral, apresenta as condições da economia por regiões, enfatizando a evolução de indicadores que repercutem as decisões de política monetária sob uma ótica diferente do Produto Interno Bruto (PIB).

Entre abril e junho, o Sul foi a região que mais avançou, crescendo 2,8% na comparação com o trimestre anterior. O número alto foi beneficiado por uma base comparativa baixa, já que no primeiro trimestre a região sofreu com a quebra na produção de soja. O Centro-Oeste veio em segundo lugar, com alta de 2% frente ao trimestre anterior. O relatório aponta que as vendas externas da região, principalmente de exportações de soja e milho, cresceram 35,7% nos primeiros sete meses do ano.

O economista e professor da Universidade de Brasília (UnB) José Luis Oreiro destacou a influência da participação expressiva do agronegócio em ambas as regiões. "O preço das commodities, como soja e carne, vem aumentando desde meados do ano passado, e cresceram ainda mais com a guerra na Ucrânia. Então, esse crescimento é basicamente decorrente desse aumento do preço desses itens, largamente produzidos por essas regiões. Mas é um fenômeno temporário, os preços das commodities agrícolas devem voltar ao normal e gerar uma contração econômica", afirmou.

Segundo os dados do BC, o Centro-Oestetambém teve geração de empregos formais, e a inflação caiu por conta do teto do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) aprovado pelo Congresso. O documento atribui as altas à expansão generalizada do comércio no período, avançando em oito das 10 atividades pesquisadas, sobretudo em combustíveis e lubrificantes, além dos estímulos governamentais na economia.

A terceira região que mais cresceu foi a Norte, com alta de 1,5% na atividade. Como também ocorreu no restante do país, a retomada do setor de serviços impulsionou a economia local. Segundo o boletim, foi a região que mais registrou recuperação no setor, com destaque para Tocantins, que teve alta de 12,7%. Esse resultado se refletiu no mercado de trabalho, com a criação de 18,5 mil vagas formais no período.

"Junto à queda do desemprego, a renda do trabalhador também tem melhorado. Isso vem influenciando de maneira positiva o consumo. Quando o emprego aumenta, temos um ganho significativo em todas as atividades econômicas", observou o economista sócio diretor da OpenInvest César Bergo.

No Nordeste, a elevação de 1% na atividade reflete desempenho positivo na agropecuária e na construção civil, mas, principalmente, no setor de serviços. Segundo o boletim, o destaque vai para os serviços às famílias e o turismo, que conseguiram superar os níveis pré-pandemia.

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pri-0309-crescimento (foto: pri-0309-crescimento)

Retração no Sudeste

A única região que teve variação para baixo no segundo trimestre foi o Sudeste, com queda de 0,1%. O número reflete o resultado de São Paulo, que caiu 0,5%, enquanto os outros estados tiveram melhora na atividade. A economia paulista sofreu com a menor expansão da indústria e quedas no comércio, serviços financeiros e prestados às empresas. No comércio, o aumento da taxa de juros pode ter contribuído para retração nas vendas.

Para o terceiro trimestre, o BC prevê uma expansão no consumo das famílias com o pagamento do Auxílio Brasil, que deve favorecer o comércio e o setor de serviços. Apesar do otimismo, a expectativa dos analistas é de que a economia perca um pouco de fôlego na segunda metade do ano.

"A expectativa é mais positiva em grande parte pelo pacote de bondades adotado pelo governo. No entanto, o PIB deve frear por conta das incertezas acerca do futuro político do país, sem contar com o impacto do ciclo de alta de juros para conter a inflação", avaliou a economista-chefe da Reag Investimentos, Simone Pasianotto.

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