conjuntura

Taxa de juros pesa e varejo cai 0,8% no mês de julho

Abril foi o último mês com crescimento das vendas. Desde então, maio, junho e julho acumulam recuo de 2,7%

Fernanda Strickland
postado em 15/09/2022 03:55
 (crédito: Ed Alves/CB/D.A Press)
(crédito: Ed Alves/CB/D.A Press)

No terceiro mês consecutivo de taxa negativa, o volume de vendas do comércio varejista no país recuou 0,8% em julho, na comparação com junho. No acumulado de 2022, o varejo registra variação de 0,4%. Já nos últimos 12 meses, o setor apresenta queda de 1,8%. Os dados são da Pesquisa Mensal de Comércio (PMC), divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

A pesquisa mostra que, no comércio varejista ampliado, que inclui veículos, motos, partes e peças e materiais de construção, o volume de vendas caiu 0,7% frente a junho e 6,8% contra julho de 2021. De acordo com o gerente da pesquisa, Cristiano Santos, a terceira queda seguida, após meses de alta, demonstra a retomada, pelo varejo, da trajetória irregular detectada desde o período mais grave da pandemia. "O setor repete a trajetória que vem seguindo desde março de 2020, com alta volatilidade", explicou.

Segundo Rafael Margato, economista da XP, a alta das taxas de juros e o elevado grau de endividamento das famílias vêm pesando sobre as vendas no varejo. "A demanda pelos bens mais sensíveis ao crédito deve permanecer em tendência de queda", afirmou.

Abril foi o último mês com crescimento das vendas. Desde então, maio, junho e julho acumulam recuo de 2,7%. Por conta desses resultados, o setor se encontra praticamente do mesmo nível do período pré-pandemia — fevereiro de 2020 —, com variação positiva de apenas 0,5%. "Esse patamar já esteve muito mais alto. Em julho de 2021, estava 5,3% acima de fevereiro de 2020", relembra Cristiano Santos.

Na comparação com o nível pré-pandemia, o varejo mostra desigualdades em termos setoriais. Há atividades muito acima da média, caso de artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria (20,7%); combustíveis e lubrificantes (11,3%); materiais de construção (2,3%);e hiper e supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (2,2%).

Outras atividades estão em patamar muito abaixo, como livros, jornais, revistas e papelaria (-37,2%); tecidos, vestuário e calçados (-25,6%); móveis e eletrodomésticos (-18,4%); e veículos e motos, partes e peças (-12,4%).

Rodolfo Margato, da XP, destacou que nove das 10 categorias pesquisadas pelo IBGE apresentaram resultado negativo em julho. A exceção foi a de combustíveis e lubrificantes, impulsionada pela forte redução nos preços decorrente das medidas de corte de tributos aprovadas pelo Congresso em junho.

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PRI-1608-COMERCIO_VAREJO.jpg (foto: Lucas Pacifico)

Estagnação

Segundo o economista, "a recuperação do mercado de trabalho e os estímulos fiscais de curto prazo vão suavizar o arrefecimento do comércio varejista, ao fornecer sustentação à demanda pelos bens mais sensíveis à renda". Para Margato, a massa de renda real disponível às famílias deve crescer cerca de 6% em 2022. "Com isso, antecipamos certa estagnação para o varejo total nos próximos meses, com sinais heterogêneos entre as categorias", disse. 

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