ELEIÇÕES 2022

Economia do Brasil está mesmo 'pujante' como disse Bolsonaro no 7 de setembro?

Em termos de desempenho econômico, o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro cresceu 1,2% no segundo trimestre de 2022 em relação ao trimestre anterior, acima das expectativas dos economistas, que era de uma alta de 0,9%

Em seu discurso durante o desfile de 7 de setembro em Brasília, o presidente Jair Bolsonaro (PL) classificou a economia brasileira como "pujante".

"Quando parecia que tudo estaria perdido para o mundo, eis que o Brasil ressurge com uma economia pujante, com uma gasolina das mais baratas do mundo, com um dos programas sociais mais abrangentes do mundo, que é o Auxílio Brasil", disse o candidato à reeleição.

"Com recorde de criação de empregos, com inflação despencando e com um povo maravilhoso, entendendo onde o seu país poderá chegar", continuou.

Mas, afinal, a economia do Brasil está mesmo tão bem quando o presidente afirmou?

Crescimento econômico

Em termos de desempenho econômico, o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro cresceu 1,2% no segundo trimestre de 2022 em relação ao trimestre anterior, acima das expectativas dos economistas, que era de uma alta de 0,9%.

Na comparação anual, a alta do PIB (Produto Interno Bruto) foi de 3,2%, segundo divulgou o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) no início do mês.

Com esse resultado no segundo trimestre, o Brasil ocupa o 7º lugar dentro de um ranking de 26 países, segundo levantamento elaborado pela agência de classificação de risco Austin Rating.

Na lista, o país fica a frente de nações como Estados Unidos (24°), Canadá (23°), Reino Unido (20°) e Alemanha (19°), mas atrás de Holanda (1°), Turquia (2°), Arábia Saudita (3°), Israel (4°), Colômbia (5°) e Suécia (6°).

Em termos de previsões futuras, o Fundo Monetário Internacional (FMI) prevê crescimento de 1,7% para o PIB brasileiro em todo o ano de 2022, segundo dados de julho.

Esse recorte coloca o Brasil na 16ª posição entre os países do G20, em termos de projeção de crescimento.

Gasolina

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As variáveis que influenciam de forma mais robusta o preço da gasolina no Brasil atualmente são o preço do barril de petróleo no mercado internacional e a taxa de câmbio

Em seu discurso, Bolsonaro afirmou que o Brasil tem "uma gasolina das mais baratas do mundo".

De acordo com o ranking de 168 países elaborado semanalmente pela consultoria Global Petrol Prices, o Brasil tem atualmente a 36ª gasolina mais barata.

A empresa considera o valor médio do litro de gasolina em dólares e comparou os dados mais recentes de todos os países até 5 de setembro.

Segundo a consultoria, a média do litro no Brasil está em US$ 1,019. Para efeito de comparação, o país onde o combustível alcança seu valor mais baixo atualmente é a Venezuela, a US$ 0,022, e o mais alto Hong Kong, a US$ 2,967.

A Global Petrol Prices explica que as diferenças entre os valores do litro da gasolina nas diferentes nações em seu ranking devem-se a vários tipos de impostos e subsídios para o combustível.

Pedro Rodrigues, sócio-diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), explica que as variáveis que influenciam de forma mais robusta o preço da gasolina no Brasil atualmente são o preço do barril de petróleo no mercado internacional e a taxa de câmbio, já que a commodity é cotada em dólares.

Mas além dos preços no mercado internacional, existem outros fatores que podem influenciar o preço dos combustíveis, ainda que de maneira mais sutil.

Segundo Rodrigues, vale citar os tributos — tais como PIS/Cofins e ICM — e o percentual de mistura do etanol na gasolina.

É justamente a política tributária do governo brasileiro, somada ao real em valorização frente ao dólar, que está fazendo com que o preço caia mais no Brasil do que em outros países.

"Além de ter a queda no preço global do petróleo, o Brasil aplicou uma política que reduziu ainda mais a alíquota tributária, reduzindo também o preço final dos combustíveis. Por isso que, em termos percentuais, o preço por aqui caiu mais que em outros países", explica o sócio-diretor do CBIE.

Desemprego

Marcelo Camargo/Agência Brasil
Brasil registrou, no mês de julho, um estoque de 42,2 milhões de empregos formais

O presidente também citou um "recorde de criação de empregos".

O país registrou, no mês de julho, um estoque de 42,2 milhões de empregos formais. Os dados divulgados pelo Ministério do Trabalho mostram que esse valor é o recorde da série histórica do Novo Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados).

Segundo o Ministério do Trabalho, o estoque de empregos formais é o número total de vínculos com carteira assinada ativos contabilizados a partir da declaração do Novo Caged. Esses números não incluem servidores públicos e trabalhadores autônomos mesmo com CNPJ.

Em termos de novos empregos, o Brasil criou 218,9 mil empregos com carteira assinada no mês e 1,6 milhão de vagas de emprego formal de janeiro a julho de 2022.

Já segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, divulgada no final de agosto pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a taxa de desocupação caiu para 9,1% no trimestre encerrado em julho, o que representa uma queda de 1,4 ponto percentual na comparação com o trimestre terminado em abril. O índice se igualou com o menor da série desde dezembro de 2015.

Inflação

Já quando se trata da queda da inflação, na variação mensal de junho para julho, o Brasil registrou uma deflação de 0,68% no IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), segundo o IBGE.

A queda aconteceu, porém, após seguidos aumentos nos níveis de inflação. No acumulado dos últimos 12 meses, por exemplo, a inflação no país é de 10,07%, mesmo com a queda registrada em julho.

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PIB brasileiro cresceu 1% no primeiro trimestre de 2022

Nesse recorte, o Brasil apresenta a 4ª maior taxa de inflação entre os países do G20, grupo que reúne as maiores economias do mundo, segundo dados do início de agosto da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico).

No grupo, o país só perde para a Turquia, que acumula inflação de 79,6% nos últimos 12 meses, e para a Argentina e Rússia, com taxas de 71% e 16,7%, respectivamente.

Quando considerada a inflação geral do G20 nos últimos 12 meses, de 9,25%, a taxa brasileira também é superior.

Já em termos de previsões futuras, o Boletim Focus divulgado na segunda-feira (05/09) mostrou continuidade do movimento de melhora das expectativas de inflação para este e o próximo ano.

Para 2022, a estimativa para alta do IPCA — índice de inflação oficial — foi reduzida pela 10ª semana seguida, de 6,70% para 6,61%. Há um mês, a projeção era de 7,11%.

Em relação a 2023, a mediana recuou pela terceira semana consecutiva, de 5,30% para 5,27%, contra 5,36% quatro semanas antes.

As taxas continuam indicando, porém, que o Banco Central (BC) deve estourar por três anos consecutivos sua meta, após o descumprimento já observado em 2021, com o IPCA de 10,06%.

O alvo para 2022 é de 3,50%, com tolerância superior de até 5,00%, enquanto, para 2023, a meta é de 3,25%, com banda até 4,75%.

- Este texto foi publicado originalmente em https://www.bbc.com/portuguese/brasil-62827344


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